Humilhante e traumatizante. Mulher teve de provar que estava a amamentar
Humilhada e traumatizada. É assim que se diz uma mulher que, segundo conta à BBC, teve de comprovar estar a amamentar espremendo algum leite das mamas, no aeroporto de Frankfurt, Alemanha, quando viajava de Singapura para Paris. Gayathiri Bose, mãe de um bebé de sete meses e de uma criança de três anos, explica que o incidente se deu quando tentou passar no controlo de bagagens com uma mala onde tinha guardada a bomba tira leite. A polícia alemã recusou comentar esta denuncia em particular, mas garantiu que esse tipo de procedimento não é "claramente" parte da rotina.
Gayathiri Bose, 33 anos, conta que foi travada pela polícia quando o raio-X detetou a bomba tira leite na mala. Foi levada para uma sala e interrogada. Segundo relata, os agentes perguntaram-lhe: "Está a amamentar? Então onde está o bebé?". Diz que depois lhe apreenderam o passaporte e uma agente a levou para uma outra sala, onde lhe pediu que comprovasse estar a amamentar, espremendo um pouco de leite.
Em choque e sozinha, com medo do que poderia acontecer se não obedecesse, a mulher acabou por espremer leite da mama. "Só quando saí da sala é que comecei a interiorizar o que tinha acabado de acontecer. Comecei a chorar, fiquei terrivelmente transtornada", diz à BBC, acrescentando que as autoridades testaram e limparam a bomba tira leite antes de devolver o passaporte.
Gayathiri Bose conta que o incidente durou cerca de 45 minutos e que ficou com o nome da agente que a obrigou a comprovar estar a amamentar. Agora pondera agir judicialmente.
Há menos de um ano, uma norte-americana com dois filhos foi obrigada, no aeroporto de Heathrow, Londres, a deitar fora quase 15 litros de leite materno que tinha tirado para alimentar o filho ao chegar a casa, após uma longa viagem de trabalho.
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Em Portugal, em abril de 2015, vieram a público casos semelhantes, mas passados com duas enfermeiras, uma do Hospital de Santo António e outra do São João, ambos no Porto.
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A legislação portuguesa em vigor permite que as trabalhadoras, que estão em período de amamentação, possam ter uma redução horária até duas horas diárias para apoio aos filhos. Quando os filhos fazem um ano, a legislação portuguesa obriga as mulheres que estão a amamentar a entregar, todos os meses, uma declaração do médico assistente, na qual este ateste aquela situação.
No caso destas enfermeiras, elas disseram ter tido de comprovar às entidades laborais que estavam a amamentar, "espremendo leite das mamas à frente de médicos de saúde ocupacional".