Hubert Germain. Aos 101 anos, morre o último herói da Resistência Francesa

A Ministra da Defesa francesa anunciou, esta terça-feira (12 de outubro) a morte de Hubert Germain, que falece aos 101 anos como sendo o último herói da resistência francesa.
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O último sobrevivente da Resistência Francesa que recebeu a ordem de maior bravura conferida pelo ex-presidente Charles de Gaulle pelas suas façanhas na Segunda Guerra Mundial morreu esta terça-feira, aos 101 anos.

"Quero informar que Hubert Germain, o último membro sobrevivente da Ordem da Libertação, morreu", disse a ministra da Defesa, Florence Parly, aos deputados franceses.
"É um momento importante da nossa história", disse ela.

O presidente Emmanuel Macron "curva-se diante da vida desta figura de proa da França Livre", fez saber o Palácio do Eliseu, em comunicado.

Escolhido a dedo pelo General Charles de Gaulle, Germain era o último sobrevivente das 1038 pessoas que faziam parte da Ordem da Libertação - a ordem militar francesa mais prestigiante.

Filho de um general francês que pertencia ao exército colonial, foi após a queda de França perante a Alemanha no ano de 1940, que decidiu juntar-se à Guerra. Fê-lo, dizendo exatamente isso a um examinador no Colégio Naval de França: "Eu vou para a Guerra!"

A sua última aparição em público aconteceu em junho deste ano, coadjuvado por uma cadeira de rodas, juntamente com Macron, numa cerimónia que celebrava a data histórica que muitos consideram o ponto de viragem na resistência francesa: a emissão radiofónica de Gaulle, a partir de Londres, a 18 de junho de 1940.

Admirador do General, Germain nunca esqueceu o momento que mais o marcou, quando conheceu de Gaulle: "Ele parou durante um segundo, olhou para mim e disse que ia precisar de mim".

Como membro do Exército de Libertação de França e da Legião, participou em batalhas importantes no norte de África: Bir-Hakeim na Líbia, El Alamein no Egito e na Tunísia - contra forças lideradas pelo general alemão Erwin Rommel.

Para além disso, participou na batalha travada em solo francês nas praias do Mediterrâneo, em agosto de 1944. Anos mais tarde revelou que mal pisou a areia, "chorou como uma criança", não contendo as emoções de ter voltado ao seu país 4 anos depois.

Não parou por aqui. Ajudou a libertar o porto marítimo de Toulon e a cidade de Lyon no centro de França. Encontrava-se na zona sul dos Alpes quando a Alemanha oficializou a rendição.

Depois da sua participação ativa na Resistência Francesa, fez um caminho político lado a lado com de Gaulle: foi autarca em Saint- Cheron, uma cidade a sul de Paris. Entre 1972 e 1974 foi Ministro das Comunicações.

Depois de uma vida dedicada ao seu país, Germain vai ser sepultado junto a outros membros da sua Ordem, em Mont Valerien, a fortaleza militar situada em Paris onde mais de 1000 resistentes franceses foram executados pelo exército Nazi.

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