França. Professor decapitado após mostrar caricaturas de Maomé. Um "ataque terrorista islâmico", diz Macron

A brigada antiterrorista francesa foi chamada a intervir depois de um homem ter sido decapitado numa vila próxima de Paris. Suspeito do ataque foi atingido pela polícia e acabou por não resistir aos ferimentos. No local, o presidente Emmanuel Macron falou em "ataque terrorista islâmico" e afirmou que o "obscurantismo não vencerá".
Publicado a
Atualizado a

O homem suspeito de ter decapitado um professor de história que terá mostrado caricaturas de Maomé na sala de aula, num liceu de uma localidade perto de Paris, foi morto, esta sexta-feira, pela brigada antiterrorista francesa, disseram as autoridades.

Os agentes foram chamados à vila de Conflan Saint-Honorine, a 50 quilómetros a noroeste de Paris, quando um suspeito foi encontrado a rondar uma escola, segundo uma fonte policial.

No local, a polícia encontrou a vítima, um homem decapitado, e 200 metros mais à frente tentou deter um homem que transportava uma arma branca e que ameaçou os agentes, que dispararam sobre ele, provocando a sua morte.

A investigação deste caso continua, perto de uma escola na vila de Conflan Saint-Honorine, nos arredores de Paris, mas as autoridades suspeitam de "assassínio em conexão com uma organização terrorista" e "associação criminosa terrorista", segundo a brigada antiterrorista.

O Actu 17, uma publicação especializada em informação de segurança, diz que a vítima será um professor da escola secundária de Conflan Saint-Honorine, que teria mostrado em sala de aula caricaturas do profeta Maomé.

Essa poderá ser a motivação do assassínio, que as autoridades estão a investigar.

De acordo com fonte policial, citada pela AFP, o agressor gritou "Allahu Akbar" ("Deus é grande" em árabe) enquanto a polícia o confrontava.

Foi montado um perímetro de segurança e acionados os serviços de desminagem, por suspeita de um colete explosivo.

No local, o presidente francês, Emmanuel Macron, citado pela AFP, afirmou que o assassinato do professor de história tinha a marca de "um ataque terrorista islâmico".

Visivelmente comovido, Macron também disse que "toda a nação" está pronta para defender os professores e que "o obscurantismo não vencerá".

"Um dos nossos compatriotas foi morto hoje porque ensinou (...) a liberdade para acreditar e não acreditar", acrescentou Macron, desta vez citado pela Associated Press (AP).

O presidente francês vincou que este ataque não pode dividir o país, uma vez que, na opinião de Macron, é esse o objetivo dos extremistas: "Temos de nos unir enquanto cidadãos."

O ministro da Educação considerou o homicídio do professor "um ataque a toda a República francesa".

"A nossa unidade e determinação são as únicas respostas face a esta monstruosidade que é o terrorismo islâmico", escreveu o ministro Jean-Michel Blanquer no Twitter.

Twittertwitter1317173219904937984

O ministro do Interior, Gerald Darmanin, que se encontra em viagem a Marrocos, decidiu regressar de imediato para Paris.

De acordo com uma fonte da investigação a este homicídio, a polícia também está interessada numa fotografia na rede social Twitter, através de um utilizador que, entretanto, encerrou a conta, da cabeça decapitada da vítima.

As autoridades estão a tentar perceber se esta fotografia foi publicada pelo alegado autor do homicídio ou por outra pessoa.

A AFP dá conta de que a fotografia acompanhava uma mensagem dirigida ao Presidente francês, Emmanuel Macron, apelidado de "o líder dos infiéis".

"Executei um dos cães infernais que ousou menosprezar Muhammad [o profeta Maomé]", explicitaria esta mensagem.

O homicídio ocorreu por volta das 17:00 locais (16:00 em Lisboa) e deixou em choque a comunidade. Os moradores e pais dos estudantes do colégio de Bois d'Aulne, na vila de Conflans-Sainte-Honorine, consideraram como "uma loucura" a decapitação do professor.

"É horrível", "é uma loucura", "estou confuso" e "temos medo" foram algumas das reações de moradores, pais e encarregados de educação dos alunos deste colégio, dá conta AFP.

A França recorda ainda os ataques terroristas de janeiro de 2015 contra o jornal satírico Charlie Hebdo, por esta publicação ter divulgado caricaturas do profeta Maomé.

Em finais do mês passado, um homem com uma faca atacou funcionários de uma agência de notícia que trabalhavam no edifício onde se situava a antiga sede do Charlie Hebdo, em Paris, tendo provocado vários feridos graves.

O autor do ataque, um cidadão paquistanês, foi detido minutos depois e confessou o crime.

Atualizado às 21:58

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt