Hollande explica hoje como pensa travar recessão
O Presidente francês, que enfrenta níveis muito baixos de popularidade um ano após a sua eleição, a 6 de maio de 2012, tem marcada para as 16.00 de hoje (15.00 em Portugal), a segunda conferência de imprensa anual do seu mandato de cinco anos no Eliseu.
"Esta nova prova oral do chefe do Estado surge um dia depois de a França ter entrado oficialmente em recessão, com dois trimestres consecutivos de recuo do PIB, enquanto o poder de compra dos franceses registou uma quebra recorde de 0,9% em 2012", escreve hoje no seu site de internet o jornal 'Le Point', acrescentando que "Hollande está a ser instado a acelerar as reformas, nomeadamente pelos tenores da sua maioria, num contexto económico extremamente sombrio".
Em paralelo, declarações de figuras destacadas do PS, feitas ao longo desta semana, também alimentam a ideia de que é necessário fazer uma remodelação no atual Governo. Na segunda-feira, em entrevista ao jornal 'Le Monde', Ségolène Royal, ex-candidata presidencial do PS e ex-companheira de Hollande, afirmou que as medidas tomadas até agora, nomeadamente na luta pelo emprego, "não têm estado à altura" e defendeu uma "reestruturação na galáxia de Bercy", onde sete responsáveis governamentais travam uma luta silenciosa, minando a autoridade de Pierre Moscovici, o ministro das Finanças.
Na terça-feira, Laurent Fabius, ministro dos Negócios Estrangeiros e histórico do PS francês, também considerou lamentável que não haja "um patrão" em Bercy, numa referência igualmente dirigida a Moscovici. Este declarou há dias que a França "sofre de fadiga do ajustamento".
E enquanto a UMP, formação de direita do ex-presidente Nicolas Sarkozy, é a favor de mais reformas na economia do país, a Frente de Esquerda aponta o dedo ao chefe do Estado francês para dizer que "a culpa (da recessão) é de François Hollande e da sua política de austeridade".
Após um encontro, ontem em Bruxelas, com o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, François Hollande reafirmou o seu compromisso com a competitividade, mas admitiu, ao mesmo tempo, que é "provável" que o crescimento em França seja "nulo" em 2003. No dia 29 deste mês, sete dias depois de mais um Conselho Europeu, a Comissão Europeia publicará as suas recomendações aos Estados membros da UE. Apesar de o líder socialista francês ter prometido travar o desemprego, a OCDE prevê que este chegue aos 11% até final do ano em França.
Hollande, que durante a sua campanha eleitoral reafirmou sem cessar a necessidade de apostar no crescimento como contraponto à austeridade na União Europeia, não logrou ainda afirmar-se como alternativa às políticas de ajustamento defendidas pela Alemanha de Angela Merkel.