"Histórico." Primeiro Parlamento francês e alemão

Um primeiro passo, depois da assinatura do Tratado de Aachen, na aproximação da França e Alemanha, foi dado esta segunda-feira naquela que foi a primeira sessão parlamentar conjunta com 100 deputados franceses e alemães.
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França e Alemanha juntam-se esta segunda-feira, 25 de março, para realizarem a primeira sessão parlamentar conjunta, em Paris, como parte do seu compromisso assinado no início do ano em Aachen, para forjar laços mais próximos e assumirem uma posição comum na União Europeia.

50 deputados de cada país, representando praticamente todos os partidos políticos franceses e alemães, proporcionalmente ao seu número de assentos nos respetivos parlamentos nacionais, tiveram a oportunidade de participar.

Esta sessão parlamentar inédita é para ser repetida, duas vezes por ano, num futuro próximo.

A aproximação entre os dois maiores países da União Europeia segue-se à assinatura do Tratado de Aachen. O objetivo deste novo parlamento é mesmo cumprir os objetivos do tratado, assinado pelos dois países em janeiro, acordando em assuntos de interesse comum, em relação à sua política externa, segurança e diplomacia.

A primeira sessão desta segunda-feira é principalmente cerimonial, onde se destacou a assinatura do acordo pelos presidentes dos respetivos Parlamentos, Wolfgang Schäuble do Bundestag alemão e Richard Ferrand da Assembleia Nacional Francesa.

Richard Ferrand usou as redes sociais para refletir sobre a sessão inédita "histórica", como a apelidou. O Presidente da Assembleia Nacional Francesa refletiu ainda que "esta Assembleia permitirá criar um reflexo franco-alemão para abordar os temas das nossas sociedades".

Tratado de Aachen foi assinado no início do anjo pelo Presidente francês Emmanuel Macro e pela chanceler alemã Angela Merkel. 2019 não tem sido um bom ano para a União Europeia, o populismo e o extremismo tem crescido nos últimos anos afirmando-se nos diversos Estados membros e um dos principais membros da UE está de saída, o Reino Unido. Face a isto, a Alemanha e a França consideraram imprescindível fortalecer os valores que os unem e estreitar as suas relações.

Para além de objetivos diplomáticos em comum, as duas nações comprometeram-se a partilhar políticas militares e de defesa. Uma posição comum sobre as principais questões da União Europeia e da Organização das Nações Unidas foi o que o Tratado de Aachen selou.

Emmanuel Macron, antes de assinar o Tratado, disse: "Num momento em que a nossa Europa é ameaçada por movimentos nacionalistas que emergem dentro das nossas fronteiras, abalada por um doloroso Brexit e sobrecarregada com as preocupações globais como o clima, tecnologia digital, terrorismo e migração, a Alemanha e a França têm de assumir responsabilidade e mostrar o caminho".

Mas esta aproximação entre a França e a Alemanha tem sido mal recebido por alguns políticos europeus. O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, tem sido um reconhecido opositor do que gosta de chamar como "eixo franco-alemão" e espera-se que lidere uma aliança eurocética e extremista nas próximas eleições para o Parlamento Europeu em maio.

Até o Presidente do Conselho Europeu, Jean-Claude Juncker, deixou um aviso: o tratado de Aachen "não é uma alternativa à cooperação de toda a Europa", mas celebrou a iniciativa, reforçando que doloroso seria se "a França e a Alemanha não partilhassem a mesma posição".

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