Helena Costa. A portuguesa do Eintracht Frankfurt por trás da final da Liga Europa

Equipa alemã onde joga Gonçalo Paciência defronta hoje os escoceses do Rangers. Os dois clubes procuram o segundo troféu europeu da história e uma vaga na Champions. Coordenadora do Scoutting Internacional do clube germânico já fez história como treinadora e comentadora.
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Helena Costa vive o futebol a 100% e não tem medo de dizer que é viciada e que subiu a pulso para chegar onde está agora: Coordenadora Internacional de Scouting do Eintracht Frankfurt, equipa alemã onde alinha o português Gonçalo Paciência e que hoje joga a final da Liga Europa com o Rangers da Escócia (20.00, SIC).

Muito do sucesso desportivo do clube da Bundesliga passa pelo trabalho que a portuguesa desenvolve na sombra, a analisar jogadores alvos com vista a uma aquisição e à construção do plantel. Gosta de futebolistas inteligentes, que percebam o jogo, e que sejam bons tecnicamente. Os resultados também falam por ela e o crescimento do Eintracht nas últimas cinco épocas não deixa dúvidas. Passou de equipa que lutava para não descer de divisão, para um conjunto com presença assídua nas provas europeias, que chega a finais (Taça da Alemanha em 2018 e Liga Europa em 2022) e vence troféus (Taça da Alemanha, em 2018).

Helena era scout do Celtic (grande rival do Rangers) quando em 2017, Ben Manga, então chefe do scouting dos alemães, a convidou para se juntar ao grupo de olheiros das águias de Frankfurt - foi notícia por ser a primeira mulher scout na Bundesliga. Esteve quatro anos como olheira de jogadores para o mercado português e croata, e no ano passado subiu a coordenadora deste departamento. O papel é fazer o filtro da informação que lhe chega de todo os olheiros e propor ou não uma contratação com base em critérios predefinidos.

Uma responsabilidade acrescida com a pandemia. A missão nas últimas duas épocas foi contratar sem dinheiro e sem baixar o rendimento desportivo. Luka Jovic é um excelente exemplo dessa estratégia. Estava encostado na equipa B do Benfica, quando no verão de 2017 o Eintracht fez uma oferta de empréstimo, com opção de compra de seis milhões de euros, que foi acionada em 2019, antes do sérvio ser vendido ao Real Madrid por... 60 milhões.

A permanência de André Silva após empréstimo do AC Milan por troca com Rebic é outro exemplo. Um ano, 34 jogos e com 29 golos depois, o avançado português foi vendido ao RB Leipzig por 23 milhões. Ou ainda Filip Kostic, uma das estrelas atuais, avaliado em mais de 20 milhões, que promete agitar o mercado de verão. Chegou a Frankfurt por empréstimo do Hamburgo por 600 mil euros e uma opção de compra de seis milhões... já acionada.

A Helena Costa scout é a última versão de uma Helena que já foi treinadora, consultora da UEFA e comentadora da Sport TV. Anda a quebrar barreiras desde os 21 anos, quando ainda não tinha terminado a licenciatura em Ciências do Desporto e fez o primeiro curso de treinador na AF Lisboa. Foi a melhor entre os 120 candidatos e tornou-se a primeira treinadora mulher num grande do futebol português (esteve 13 anos na formação do Benfica, onde entrou em 1998). Foi ainda selecionadora da seleção feminina do Qatar (2010-12) e do Irão (2012-14).

Depois foi a primeira mulher comentadora (na Sport TV) e a primeira contratada para treinar uma equipa masculina de futebol profissional a nível mundial (o Clermont Foot 36, em 2014). Recebeu elogios dos então presidentes da UEFA e da FIFA, mas a experiência não correu bem e saiu antes de se estrear. E foi também pioneira a trabalhar como scouting na Bundesliga, mas há muito que deixou de ser uma mulher num mundo de homens. Como costuma dizer: "a competência não tem género." Mas tem nacionalidade e Helena Costa é uma portuguesa natural de Alhandra (15 de abril de 1978) também ela à conquista da Liga Europa.

Jogar em campo neutro não ajuda nenhum dos finalistas da Liga Europa 2022. Ambos têm um legião de adeptos fiéis, que vão invadir Sevilhamesmo sem bilhete para a final, o que diz muito do ambiente esperado no Ramón Sánchez-Pizjuán.

A campanha do Eintracht é meritória, com grupo difícil e eliminatórias cheias de emoção e triunfos históricos, como frente ao Barcelona, em Camp Nou (3-2, depois do 1-1 em casa), que colocou a equipa em mais uma final europeia - venceu a antecessora Taça UEFA em 1980. "Temos a oportunidade de conquistar um troféu importante. De início não acreditávamos, mas agora acreditamos que podemos vencer", disse Oliver Glasner, que se pode tornar no segundo treinador austríaco (após Ernst Happel), a conquistar um troféu europeu.

Já a equipa orientada por Van Bronckhorst impediu o Sp. Braga de chegar à final e também procura o segundo troféu europeu, depois da Taça dos Vencedores das Taças em 1972. "Os dois clubes têm muita história e uma grande legião de adeptos, por isso será um bom espectáculo. Nestes jogos existe sempre pressão. As finais são boas quando as ganhamos, quando perdes nem por isso", analisou o técnico do Rangers, que já venceu a prova como jogador.

Quem vencer a Liga Europa, além de receber mais 8, 5 milhões de euros, ganha ainda uma vaga na Liga dos Campeões do próximo ano.

isaura.almeida@dn.pt

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