Hamilton pode ser campeão mundial pela sexta vez, neste domingo, no México, e superar Juan Manuel Fangio - Michael Schumacher mantém o recorde, com sete títulos mundiais. O piloto da Mercedes vai sair no quarto lugar da grelha de partida, depois de Vettel, Charles Leclerc e Max Verstappen (pole)..Se foi "estranho" e "surreal" igualar os cinco títulos do argentino, em 2018, agora o piloto da Mercedes prefere esperar para ver que emoções lhe reserva o sexto título mundial da carreira, o terceiro consecutivo. Apesar de no ano passado ter apadrinhado o quinto título mundial de F1 e de este domingo poder dar-lhe o sexto campeonato da carreira, a pista do México "não é das preferidas" de Lewis Hamilton. "O México é um calcanhar de Aquiles, é geralmente a nossa pior corrida do ano por causa do setup do nosso carro e vai ser difícil para nós... Mesmo tendo ganho o título lá", afirmou Hamilton após o GP do Japão, consciente de que "vai ser muito difícil bater os Ferrari" nas longas retas da pista mexicana. Depois há ainda que ter atenção aos McLaren e aos Red Bull e no fim fazer as contas para ver se dá para o título. Para isso, o piloto britânico não depende só de si. Há que ter em conta o desempenho do companheiro de equipa, que no Japão reduziu para 64 pontos a diferença e, matematicamente, ainda pode ser campeão. O pentacampeão soma agora 338 pontos contra 274 de Bottas. A diferença é confortável para Hamilton, que pode chegar ao título terminando as quatro corridas que faltam na quinta posição, por exemplo. Mas, para ser campeão já neste domingo, necessita de somar mais 14 pontos do que Bottas, já que ficaria com uma vantagem de 78 pontos para três corridas em falta (EUA, Brasil e Abu Dhabi).Mas vamos aos cenários para o britânico ser campeão no GP do México: se Hamilton vencer e Bottas ficar no máximo em quinto lugar, se Hamilton vencer com a volta mais rápida e Bottas for no máximo quarto classificado, se Hamilton terminar em segundo e Bottas for no máximo oitavo, se Hamilton for terceiro e Bottas no máximo décimo ou nono com a volta mais rápida. Hamilton pode até ficar em terceiro com a volta mais rápida se Bottas não passar do nono lugar..O predestinado de Stevenage que começou nos karts por culpa do pai. Natural de Stevenage, cidade inglesa onde nasceu a 7 de janeiro de 1985, Hamilton cresceu num bairro social e hoje é um dos dez britânicos campeões mundiais da elite do automobilismo. Grande parte da sua carreira deve-se ao sonho do pai de ter um filho piloto, dando-lhe um kart aos 6 anos. "O meu pai tinha quatro empregos para me manter a correr", confessou numa entrevista, admitindo que "muitas vezes" pensaram que não iam conseguir. Antes de chegar aos Grandes Prémios de F1, Lewis Carl Davidson Hamilton iniciou-se nos karts, com apenas 8 anos, em 1993. Dois anos depois, já era campeão britânico. Por essa altura, cruzou-se com Ron Dennis, o patrão da McLaren, a quem pediu um autógrafo e se atreveu a dizer que, "um dia", queria conduzir os carros dele. "Telefona-me dentro de nove anos. Veremos algo então", escreveu Ron Dennis depois de assinar o papel do pequeno mas veloz Lewis. Não seria preciso esperar tanto. Três anos depois, uma conversa telefónica com o patrão da McLaren precipitou a contratação precoce para o programa juvenil da McLaren-Mercedes quando tinha apenas 13 anos. Seguiu-se a estreia na Fórmula Renault, na Fórmula 3 Euroseries e na GP2 Series antes de chegar à categoria rainha. A estreia na Fórmula 1 do fã de Ayrton Senna aconteceu em 2007, para fazer equipa na McLaren com o então bicampeão em título, o espanhol Fernando Alonso. O impacto de Hamilton foi imediato e por pouco não se sagrou campeão mundial na estreia. Um problema mecânico na última corrida travou-lhe o sonho, mas não impediu o britânico de deixar a sua marca. Ainda hoje é o piloto que mais pontos somou em época de estreia (109) e o que mais vitórias alcançou (quatro) - recorde que partilha com o canadiano Jacques Villeneuve -, sendo ainda o mais jovem líder do Mundial, com 22 anos e 126 dias. O título chegou no ano seguinte e de novo num final dramático no Brasil. Venceu com mais um ponto do que o brasileiro Felipe Massa (Ferrari), após uma decisiva ultrapassagem a Timo Glock, para ser quinto. Seguiram-se quatro difíceis anos de seca, a que não foram alheios alguns problemas fora das pistas, como o rompimento nas relações profissionais com o pai, Anthony Hamilton, e desentendimentos com a sua namorada. Mas ele preferiu culpar o carro e por isso decidiu rumar à Mercedes. O ano de estreia não foi fácil - apenas um triunfo, na Hungria - e Hamilton viu Vettel (Red Bull) selar o tetra. Depois, em 2016, com a ajuda dos motores V6 híbridos, o britânico voltou a festejar, após uma renhida luta com o seu companheiro de equipa, o alemão Nico Rosberg, do qual só se desembaraçou na última corrida. Em 2015, Hamilton voltou a impor-se a Rosberg - que em 2016 chegou mesmo ao título e abandonou a Fórmula 1 -, e dominou a edição de 2017, apesar da maior réplica do Ferrari de Vettel, e de 2018, ano em que chegou ao título no México com três provas ainda por disputar..Amigos das crianças e do meio ambiente.À medida que foi crescendo com o sucesso o piloto foi-se revelando mais preocupado com o que o rodeia, principalmente com o meio ambiente e o futuro das crianças. "Este desporto criou uma grande base para fazer outras coisas. Sempre quis ter um impacto positivo. Se quero ser lembrado por alguma coisa, será por ajudar crianças com dificuldades em ir à escola. Seja construindo uma escola, incentivando a educação, ajudando pessoas. Não quero que o meu tempo na terra não signifique nada. Tenho a certeza de que vocês todos se sentem assim", garantiu Hamilton, após a vitória no México em 2018..Lewis Hamilton tem tentado readequar o seu estilo de vida, buscando uma forma mais sustentável. "Quero neutralizar as minhas emissões de carbono no fim do ano. Não permito que ninguém no escritório compre coisas de plástico, por exemplo. Vendi o meu avião há alguns anos. Agora tenho um carro elétrico e vendi alguns dos meus carros. Alguns não quero vender porque gosto deles. Tento voar menos também. Estou sempre a fazer mudanças", confessou o britânico..O piloto adotou uma dieta vegan e deu origem a uma controvérsia, com vários pilotos, como Fernando Alonso, ao apontar incompatibilidades entre a defesa de uma vida sustentável e a Fórmula 1. Já Sebastian Vettel saiu em defesa do britânico e admitiu que "a F1 deve fazer mais" pelo meio ambiente..Romain Grosjean, por sua vez, entendeu que simplesmente não é saudável para um atleta de alto nível ser vegetariano.