Hailee Steinfeld sobe ao palco com os Transformers

Mais uma atriz/cantora que canta, dança e agora contracena com robôs digitais. Hailee Steinfeld invadiu os ecrãs com <em>Bumblebee</em>, fantasia de Travis Knight. Ao DN contou como ficou doida com o público lisboeta do Rock in Rio.
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Toca para milhares nos EUA e no mundo inteiro e é das atrizes americanas mais amadas pelo público jovem. O seu nome, Hailee Steinfeld, diz muito a uma nova geração de "millenials" que consome a sua música pop comercial e os seus filmes que são sempre sucessos de bilheteira, como a saga Um Ritmo Perfeito ou No Limiar dos 18. Por outro lado, está na história como uma das mais jovens atrizes nomeadas aos Óscares, em Indomável, dos irmãos Coen, há oito anos.

Na promoção de Bumblebee, onde é a estrela maior, em plena Soho House, templo "hipster" de Berlim, apareceu a um grupo de jornalistas europeus de cabelo apanhado e já com uns 22 anos sem aparência adolescente. No cinema, continua recentemente sempre a interpretar raparigas mais novas....

De recordar que nesta aventura com robôs espaciais, a atriz interpreta uma jovem de 17 anos que se torna na maior amiga de Bumblebee, um robô vintage e simpático cujos seus poderes transformam-no num Wolkswagen carocha. Trata-se de um retrato de uma jovem precisamente nos limiar dos 18 e que em plenos anos 1980 ouve os The Smiths como se não houvesse amanhã nem "memes" de Mourinho a cantar as letras de Morrissey.

Quando descobre que está um jornalista português presente, salta um sonante uau: "Portugal, que espanto! Como gostei de tocar em Lisboa. Aquele público foi um dos melhores que alguma vez já apanhei! Acredite que nem sempre é assim tão fixe..." Foi neste Rock in Rio que Steinfeld fez furor com êxitos como Capital Letters ou Love Myself. Ao contrário da sua personagem, a sua onda é tudo menos os Smiths ou os Tears for Fears, que dominam a banda-sonora de Bumblebee, filme infanto-juvenil que tenta à viva-força tirar partido da nostalgia dos anos 1980. Perguntamos-lhe se a energia do palco tem algo a ver com a adrenalina do plateau: "São coisas diferentes, apesar das parecenças. No palco há a vantagem da reação imediata e de tudo poder acontecer. É cá uma energia!! Tudo poder dar para o torto, tudo pode dar para o certo... Por outro lado, num plateau, num local onde o ambiente é controlado, temos a vantagem de podermos fazer vários "takes" para acertar. Respondendo-lhe à sua pergunta, tenho o mesmo frisson em ambas situações".

E será que é mesmo a Hailee que vemos no palco? Ou será uma versão que criou? "Sou mesmo eu, mas também há uma persona. Penso muitas vezes: por onde é que a Beyonce ia nesta ou naquela situação. Gosto de dar sempre um toque de Beyoncé nos meus concertos. Aliás, tenho uma incrível playlist antes de tocar. Inspiro-me muito nesses artistas que gosto. Mas as minhas canções representam bem aquilo que sou e os meus valores". Refira-se que estes valores não são de santinha, já cantou para a banda-sonora de um dos filmes das Cinquenta Sombras... E quanto à tal playlist confessa que cabem os Eagles, Ed Sheeran e Rhianna.

A Hailee Steinfeld atriz também tem uma playlist de talentos no cinema. Adivinhamos que Meryl Streep está no topo dessa lista e adivinhamos bem: "meu deus! Claro, a Meryl Streep! Mas duvido que consiga atingir esse nível. A verdade é que determinados momentos de interpretações de certos atores em cinema inspiram-me muito. Seja como for, acredito que é obrigatório colocarmos algo de nós. Mesmo que estejamos a interpretar um papel que já antes foi interpretado, há que colocar sempre qualquer coisa nossa - podemos sempre fazer algo original".

O caso de Hailee é tanto ou mais curioso porque é daquelas atrizes que estamos a ver a crescer. No filme que a revelou, Indomável, dos manos Coen, era apenas uma miúda. Agora, aos poucos, está a ficar mulher e a seguir será Emily Dickinson, numa série de TV que vai dar que falar em 2019. Ainda assim, não sente que cresceu demais e revela que sempre se sentiu integrada num mundo real: "é claro que a fama tirou-me algumas coisas da minha vida, mas o melhor é que ainda me sinto muito curiosa com coisas que perdi. Em todo este percurso tenho a consciência que não perdi a minha juventude. Por exemplo, em Bumblebee interpreto uma rapariga que não sabe bem o seu propósito na vida nem como vai ser o seu futuro. De alguma forma, o filme deu-me essa possibilidade de experiência de vida. Mas eu também tenho períodos em que me sinto perdida, tal como qualquer outra jovem da minha idade".

A dada altura, a música volta a fazer parte da conversa: "A minha carreira musical sempre fez parte daquilo que sou. Sempre quis ser artista, não obstante nunca ter pensado que iria singrar tão bem nem tão cedo, como aconteceu. Sinto-me muito felizarda e é na música que faço o meu processo como atriz. Nunca esperei ir tão longe mas agora quero ainda superar-me". Assim de repente, parece ter um discurso estudado, mas essa vocação de vencedora não tem artifícios.

Este Bumblebee, por muito spin-off que seja, não deixa de ser mais um Transformers, mesmo que aposte mais em desenvolvimentos narrativos e nas descrições de personagens. Para Haille, é mais um papel que dá propósito e voz a uma personagem feminina: "Cada vez há mais filmes protagonizado por mulheres e isso é excitante. E é o público que está estimulado para isso... Digo apenas que é ótimo estar num filme assim. Num filme que dá mais espaço às heroínas. Antes, neste franhise de Transformers, isso não acontecia... Foi especial". Será que este é o primeiro filme da era pós-MeToo com ingenuidade total?

Para lá de Bumblebee, a atriz-cantora tem também a participação na animação da Sony Homem-Aranha: No Universo Aranha, já em exibição em Portugal e na tal série que acabou de filmar, Dickinson, criada por Alena Smith. "A série é incrível e pude perceber que a Emily Dickinson era uma pessoa extraordinária! Foi muito especial ter tido a oportunidade de contar a sua história. Creio que as pessoas não sabem o suficiente sobre ela. Estou muito entusiasmada por mostrar o seu percurso de forma moderna. E tem sido muito interessante poder mergulhar numa outra era".

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