Há um sniper a matar homens do Estado Islâmico?

Comandantes jihadistas têm sido abatidos e jornal líbio questiona-se sobre a possível ação de um atirador de elite.
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O mistério instalou-se na Líbia - ou pelo menos em parte dela. Em poucos dias três comandantes do Estado Islâmico (EI) no país foram mortos por disparos, alegadamente feitos por um sniper, noticiaram o Libya Herald e o La Vanguardia.

O sudanês Hamad Abdel Hady, também conhecido pelo nome de Abu Anas al-Muhajir, foi morto, ao que parece quando circulava na estrada para Bengazi no dia 15. Quatro dias mais tarde, Abu Mohamed al-Dernaui foi morto perto de casa e, no último sábado, o tuaregue Abdulah Hamad al-Ansari foi atingido no momento em que saía de uma mesquita em Sirte e acabou por morrer já no hospital.

Cidade onde nasceu e morreu a 20 de outubro de 2011 o ditador Muammar al-Kadhafi, Sirte está nas mãos dos jihadistas do EI desde meados do ano passado. Mergulhada no caos, com dois governos, um autoproclamado, outro reconhecido internacionalmente, a Líbia está dominada por dezenas de milícias locais, tendo alguma delas incorporado o EI.

Segundo o jornalista italiano Daniele Raineri, do Il Foglio, tanto al-Ansari como Dernaui pertenciam ao Ansar al-Sharia, em Sirte, antes da chegada do EI. O jornalista exibiu, na terça-feira, no Twitter um mapa dos três sítios onde alegadamente um sniper teria atingido os líderes do EI. Mas num tweet datado de ontem alertou: "As redes sociais estão a efabular demasiado sobre "o sniper de Sirte" com uma previsível falta de sobriedade. Alerta para rumores descontrolados."

Segundo o La Vanguardia, que por sua vez cita o Libya Herald, especula-se sobre se o sniper - a confirmar-se a sua existência - pertence à rede de atiradores de elite que nos últimos dias do regime de Kadhafi atacaram, em Sirte, as forças fiéis ao coronel. "Libya Herald especula sobre a possibilidade de existir uma rede de apoio ao atirador de elite. Um especialista deste tipo necessita de informação fidedigna para além de ser capaz de se posicionar no local mais adequado e ter vias de escape asseguradas depois de efetuar o disparo mortal", escreveu o diário catalão sobre o artigo do jornal líbio escrito em língua inglesa e com sede em Tripoli.

Segundo a ONU, o EI tem entre dois mil e três mil combatentes em território líbio, cerca de 800 deles já combateram em nome do grupo terrorista sunita em território da Síria e do Iraque. Nestes dois países estão em curso bombardeamentos aéreos de várias coligações internacionais contra os jihadistas do EI. Afinal eles controlam cerca de metade do primeiro e vastas partes do segundo.

Os Estados Unidos lideram uma dessas coligações. E além da intervenção na Síria e no Iraque, estarão a ponderar agora intervir também contra o EI na Líbia, segundo escreveu o New York Times. Citado pela Reuters na semana passada, o chefe do estado-maior Interarmas dos EUA, Joseph Dunford, disse: "Na minha perspetiva temos de fazer mais, pois quando olho para a Líbia vejo o EI líbio como uma plataforma para realizar ações malignas em toda a África."

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