Há mais de 1400 portugueses com o repatriamento ainda por resolver
As autoridades portuguesas receberam "3641 pedidos de apoio" de portugueses que estavam no estrangeiro, em deslocações temporárias, e ficaram impedidos de regressar face às limitações impostas ao tráfego aéreo em consequência da epidemia de covid-19. Deste total foram resolvidas até ao dia de ontem "2249 situações". O que significa que há, nesta altura, 1392 portugueses que aguardam ainda uma solução para conseguir regressar ao território nacional.
Dados avançados esta terça-feira pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, que reuniu através de vídeoconferência com os deputados da comissão parlamentar de Assuntos Europeus. A este número, que respeita a pessoas que estavam em deslocações temporárias ao estrangeiro - em turismo ou trabalho - somam-se ainda os estudantes Erasmus. "Recebemos 420 pedidos de apoio, foram resolvidos 353", afirmou Augusto Santos Silva. Ou seja, há também 67 estudantes à espera de repatriamento - 1459 pessoas no total.
O chefe da diplomacia portuguesa avançou aos deputados que já foram autorizados pelas autoridades locais voos para ir buscar portugueses a Moçambique. No caso de Timor-Leste, Augusto Santos Silva garante que o processo "está em curso", sem especificar em que fase.
As coisas estão a correr, não certamente no ritmo que quereríamos, que cada pessoa ou família de uma pessoa bloqueada pretenderia, mas estão a correr", referiu o ministro, mas acrescentando que os casos se vão resolvendo quer através de cooperação bilateral, quer através de soluções multilaterais no quadro da União Europeia.
No primeiro caso, Augusto Santos Silva deu o exemplo de um voo da companhia aérea polaca Lot, que trouxe de regresso portugueses que estavam na Polónia e levou depois cidadãos polacos. Ou um voo da companhia espanhola Iberia que transportou 18 portugueses da Venezuela.
A nível multilateral, o ministro conta "200 voos já realizados, em realização ou planeamento".
Augusto Santos Silva explicou que a prioridade passa por fazer regressar os viajantes ocasionais, depois os estudantes Erasmus e, em terceiro lugar, os trabalhadores temporários não residentes. No primeiro grupo, o MNE referiu aos deputados que, segundo a Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo "estariam 30 mil turistas portugueses no estrangeiro quando esta crise de ligações aéreas rebentou". Destes, "27 500 terão conseguido voltar a Portugal" com reescalonamento de voos ou redefinição de itinerários.
Já quanto aos trabalhadores temporários não residentes, Augusto Santos Silva apontou o caso de funcionários de uma empresa de manutenção aeronáutica que estavam no Djibuti, que deverão ser repatriados numa operação liderada pela França.
Mas a "preocupação número um" nos últimos dias no ministério, referiu ainda o ministro, foi a de "assegurar voos comerciais com países de língua portuguesa" - que se realizaram ao longo da última semana. Nesta altura "estão planeados voos para Moçambique, já temos autorização", disse Augusto Santos Silva. Já para Timor "dado que não há voos diretos foi necessário planear uma operação específica, que está em curso".