O triunfo na prova do Porto coloca Teresa Bonvalot como a recordista feminina do circuito. Mais uma demonstração do bom momento de forma da "top 10" do Circuito Mundial de Qualificação (WQS) que se sente muito próxima da elite do surf internacional..Depois de um início menos bom na Ericeira, a vitória no Porto. Como foi o trajeto nesta prova?.Foi um bom campeonato, com boas ondas. O Porto será sempre uma etapa especial para mim, pois foi onde conquistei a primeira vitória na Liga, e foi bom ganhar novamente. De resto, tudo esteve alinhado, desde as condições às minhas pranchas..Esta vitória reflete o bom momento de forma que está a atravessar?.Sim, estou num bom momento, é verdade. Não pareceu em Ribeira d"Ilhas, na primeira etapa, mas aí as condições estavam complicadíssimas..Voltando ao Renault Porto Pro, foi à final com a Mafalda Lopes, um jovem talento que está, cada vez mais, a dar cartas na modalidade. Surpreendeu a prestação dela?.Francamente não, porque sei que no top 7 da Liga todas as raparigas sabem surfar e há anos que elas têm vindo a mostrar isso, fazendo frente às mais experientes como eu, a Carol [Henrique] e a Camila [Kemp]. A prova disso mesmo é que num heat anterior a Mariana Garcia eliminou a Carol Henrique, pelo que não acho que sejamos só três a dominar a Liga. O surf feminino tem crescido cada vez mais e isso é um bom sinal..Houve um momento em que ambas tentaram uma troca de aéreos. Estava a divertir-se ou sentiu-se "espicaçada" pela Mafalda?.O meu objetivo é sempre tentar ganhar e naquele momento estava a divertir-me bastante. Gosto muito de tentar este tipo de manobra e consigo completar alguns aéreos. Já tinha tentado noutro heat e quase completei, só enterrei um pouco o rail na fase final..Com esta vitória tornou-se recordista na Liga, com 12 triunfos. Nos homens o recordista é Frederico Morais, também com 12. Isso tem impacto para si?.Já sabia desse número, mas não é algo que eu persiga. Tenho objetivos bem definidos e não passam por isso. Em todas as provas em que entro quero ganhar, mas não penso em bater recordes..É10.ª no ranking WQS de qualificação mundial. O World Tour está mais perto do que nunca?.Acho que há algum tempo que o World Tour está ao meu alcance. Este ano consegui começar mais forte do que em anos anteriores. Faltam ainda várias provas importantes e irei dar o meu melhor, com a mesma garra e vontade. Adoro competir e é o que mais conta, estar lá e divertir-me..Nesta época já fez três quintos lugares no WQS. O que falta para quebrar a barreira dos quartos-de-final?.É a competição. As outras fizeram melhor nessa fase, não sou de me deixar afetar por isso. Tem sido um acaso, mas tento sempre fazer melhor e ir mais longe..Um dos temas mais falados no surf mundial de momento é a piscina de ondas - o Wave Ranch, de Kelly Slater -, onde vai realizar-se a etapa do Mundial. Qual a sua posição?.Para mim é indiferente. Fui ensinada a surfar no mar, mas temos de estar abertos a novas experiências e é algo que pode ser bom para o surf, como também pode ser mau. Fundamentalmente, é uma maneira de puxar pelo surf e puxar pelo público. É mais espetacular para o público, que não quer esperar pelas ondas para ver surf..O surf vai entrar nos Jogos Olímpicos e a Teresa é um dos nomes mais unânimes para uma representação olímpica. É um sonho?.Quando comecei a surfar, um dos meus maiores sonhos era ser campeã mundial. Na altura o surf não era olímpico, mas com esta nova possibilidade, claro que é um sonho representar Portugal e trazer uma medalha. É um novo sonho que há poucos anos nem me passava pela cabeça.