Há menos candidaturas a bolsas no ensino superior do que no ano passado, quando comparados os primeiros cinco meses seguintes ao início do prazo para os alunos se candidataram. Mas, para já, são mais aquelas com parecer favorável. Desde o início do período de submissão para as bolsas de estudo do ensino superior, 25 de junho, e até 27 de outubro, já se registaram 93 953 candidatos. São, por isso, menos 653 relativamente ao contabilizado pela mesma altura em 2018 (95 062). Contudo, desde o arranque do ano letivo, já há mais 11% das bolsas deferidas (23 190), relativamente ao mesmo período do ano transato (20 948), segundo dados disponibilizados ao DN pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES). O processo de candidatura encontra-se aberto até 31 de maio de 2020..Os últimos anos têm desenhado uma linha em crescendo, com um aumento de submissões para a bolsa de estudo, passando de cerca de 90 mil em 2015 para 97 mil em 2018. Segundo o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, as estatísticas são o reflexo do "enorme encargo" que o ensino superior representa para as famílias, mas também do aumento da mobilidade interna.."Se há mais deslocados", com o aumento de candidatos nas instituições de ensino superior, explica Fontainhas Fernandes, "é natural que recorram a bolsas". Na Universidade da Beira Interior, por exemplo, precisamente desde 2015 que o número de estudantes de fora do distrito tem vindo a aumentar. No ano letivo de 2018-19, eram 5580, do total de 7400 alunos. Destes, 44% chegam de cidades como Lisboa, Porto, Aveiro, Braga, Coimbra, Leiria, Setúbal e Viana do Castelo..O também reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro não se mostra surpreendido com os números, reforçando a "forte dependência que os jovens portugueses têm do agregado familiar". E ainda que seja um dos países da União Europeia (UE) com baixos rendimentos e elevado nível de desigualdade, apenas 21% dos estudantes do ensino superior beneficiam de apoio de ação social. Destes, cerca de metade recebe só o valor mínimo da bolsa - que cobre o valor da propina máxima das licenciaturas. Neste ano, segundo proposta de Orçamento do Estado para 2019, o preço das propinas desce 212 euros, situando-se num máximo de 856 euros..Este tipo de apoio da ação social abrange as universidades e os institutos politécnicos, quer do ensino público quer do privado. Até ao momento, a Universidade de Lisboa foi a instituição que registou mais requerimentos (7258), seguida da Universidade do Porto (7258), do Instituto Politécnico do Porto (6923) e da Universidade do Minho (6579). O que pode ser explicado pela própria dimensão das instituições, sendo aquelas que mais alunos albergam a nível nacional e, por isso, aquelas com maior probabilidade de ter mais alunos candidatos à bolsa de estudos..Apesar de as candidaturas registadas por esta altura serem menores do que as registadas no mesmo período em 2018, neste ano houve um maior número de submissões no primeiro mês de apresentação de candidaturas (junho). Se em 2018-2019 houve 852, neste ano foram 1234..Governo já pagou cerca de 98% das bolsas.Pelo menos desde 2015 que a atribuição das bolsas de estudo a alunos universitários tem sofrido atrasos. No dia 9 de setembro deste ano, ainda havia mais de 300 requerimentos referentes ao ano letivo anterior (2018-2019) por avaliar e, em janeiro, 17 mil alunos ainda esperavam saber se tinham direito à bolsa de estudo. Uma situação que o governo garante que neste ano está sob controlo..Da totalidade das bolsas que já receberam um parecer positivo, praticamente todas (22 703) já foram pagas - isto é, 97,8% das deferidas. O que torna a distância entre "o número de bolsas pagas e deferidas muito curta", refere o MCTES. Até ao momento, foram decididos 24 667 processos (27% do total de candidaturas submetidas) - cerca de mais três mil comparativamente ao ano transato (21 344 processos com decisão, representantes de 23% do total de candidaturas submetidas)..De acordo com a tutela, "tal como no ano letivo passado, a Direção-Geral de Ensino Superior encontra-se a efetuar pagamentos semanais durante as primeiras semanas do ano letivo, permitindo aos estudantes receber o valor de bolsa de estudo atribuído mais rapidamente". Uma medida que tem em vista "minimizar o impacto do início do ano letivo nos alunos cuja bolsa tenha sido deferida"..Bolsas de estudo Infogram.Maioria das candidaturas rejeitadas por excesso de rendimentos.Os últimos anos têm sido pautados por um aumento de candidaturas indeferidas, o que o ministro do Ensino Superior, Manuel Heitor, já disse ser uma consequência natural do aumento de candidaturas, com mais alunos a tentar a sua sorte, e de uma "maior eficiência do sistema". Até ao dia 24 de outubro, data da última atualização, havia 4273 candidaturas a bolsas de estudo indeferidas, sendo 3930 referentes ao ensino superior público e 343 ao privado..Das quase quatro mil do ensino público, 822 foram justificadas por o rendimento per capita do agregado familiar ser superior ao limite fixado para a atribuição de apoio social. Outras 325 foram por falta de aproveitamento escolar no último ano letivo em que esteve inscrito..A Universidade do Porto e a de Lisboa foram as instituições com mais requerimentos recusados por rendimento inadequado ao afixado, com 165 e 83 candidaturas, respetivamente. Mas, quanto à justificação por falta de aproveitamento escolar, foi o Instituto Politécnico do Porto que maior número de submissões rejeitadas (78). Esta é seguida por instituições como a Universidade do Porto (44), a Universidade de Évora (37) e a Universidade de Lisboa (30)..Feitas todas as contas relativas ao ano transato, houve um total de 23 197 candidaturas indeferidas, num universo de 97 607 requerimentos, em que 73 759 foram aceites..O processo de candidatura a bolsas de estudo é contínuo e permanecerá aberto até 31 de maio de 2020.