Greves podem pôr em causa transportes públicos
Numa pergunta hoje enviada à Assembleia da República e dirigida ao Ministério da Economia, os deputados do CDS-PP questionam o "impacto em cada uma das empresas públicas de transporte deste conjunto de greves".
Em declarações à agência Lusa, o deputado Hélder Amaral disse que está preocupado com o equilíbrio financeiro a que as empresas se tinham comprometido alcançar, afirmando que "esse objetivo poderá ser afetado com este número de greves".
"Também nos preocupa o facto de estar a ser posto em causa o serviço público que, pelos vistos, é aquilo que os grevistas querem proteger", acrescentou.
Lembrando que os utilizadores dos transportes públicos "fizeram e estão a fazer um esforço ao pagarem mais pelo transporte", o deputado lamenta que "não consigam ter acesso a esse transporte".
"Houve um conjunto de portugueses que compraram o passe social porque é a única forma de conseguirem ter direito à mobilidade e não conseguem exercer esse direito", afirmou.
Por isso, o CDS-PP considera que se está "perante um ataque ao próprio serviço público".
Hélder Amaral disse ainda à Lusa que as greves põem também "em causa o direito ao trabalho" porque "há um conjunto de portugueses que sistematicamente não consegue aceder ao seu trabalho e, com isso, pode até por em causa o seu emprego".
"A CGTP tem de perceber que está não só a pôr trabalhadores contra trabalhadores, como está a pôr em causa o direito ao trabalho também", frisou.
O deputado defendeu ainda que a CGTP e os grevistas estão "claramente a ser os maiores aliados dos privados" e exemplificou com números da empresa Rede Nacional de Expressos, que diz que em cada dia de greve tem um aumento de 50 por cento da procura.
"Há aqui uma transferência clara de utentes para o setor privado. Fragilizando o setor público e fortalecendo as privadas", afirmou o deputado, acrescentando que pode também estar em causa a "manutenção dos postos de trabalho destes mesmos trabalhadores que fazem greve".
Por isso e, "não pondo em causa o exercício da greve", Hélder Amaral pediu "bom senso, para que o exercício deste direito não ponha em causa a própria existência das empresas públicas de transporte".
Estas declarações foram feitas no final de uma semana que foi marcada por ações de luta dos trabalhadores do setor dos transportes, com a realização de plenários e paralisações em várias empresa públicas e privadas.
A semana de luta culmina com a realização de uma manifestação do setor dos transportes no sábado, pelas 14:30, na Praça Luís de Camões, em Lisboa, e que segue depois para a Assembleia da República.