Grenoble vai substituir os anúncios de rua por árvores

A cidade francesa torna-se a primeira na Europa a abandonar a publicidade urbana.
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A câmara de Grenoble, cidade francesa próxima dos Alpes e de Lyon, anunciou este fim-de-semana que não vai renovar o contrato com o grupo de publicidade urbana JCDecaux. Isto significa que mais de 300 suportes de anúncios vão desaparecer a partir de janeiro, tornando Grenoble na primeira grande cidade europeia a retirar os anúncios das suas ruas.

O fim da publicidade urbana era uma promessa de campanha do presidente da câmara, Eric Piolle, dos verdes. A desmontagem de todos os suportes de anúncios vai durar quatro meses, e no total 2051 metros quadrados de publicidade vão desaparecer do espaço público.

No lugar deixado vago pelos suportes da JCDecaux que vão ser retirados, a câmara comprometeu-se a plantar "50 árvores jovens antes da primavera", em comunicado citado pelo Le Monde. Em vez dos anúncios, a câmara municipal vai ainda reunir-se com grupos da sociedade civil para criar um dispositivo consagrado à afixação livre de anúncios ligados à vida cultural e social do município, de dimensões mais pequenas que o dispositivo da JCDecaux.

A perda de rendimentos devido ao fim do contrato com a JCDecaux vai ser compensada pela diminuição das remunerações dos deputados municipais, que se tinham aumentado em 25% em 2008. Ao voltar atrás neste aumento, o município vai poupar 300 mil euros por ano.

"Nós queremos reduzir o lugar ocupado pela publicidade no espaço público", disse, em entrevista à revista Les Inrockuptibles, o presidente da câmara Eric Pillou. "Chegámos agora a um ponto de viragem, em que a cidade se vai construir sobre a sua identidade, e sobre um comércio da cidade."

O diretor estratégico da JCDecaux, Albert Asseraf, por sua vez, lamenta a situação, dizendo: "A cidade priva-se de seis milhões de euros de lucro ao longo de dez anos, e priva também os seus habitantes de um serviço de informação, visto que metade dos painéis servia para anúncios municipais", disse, citado pelo Le Monde.

A câmara municipal nega que se trate de uma perda de seis milhões de euros (600 mil euros anuais ao longo de um contrato de dez anos), visto que, devido à diminuição do investimento em publicidade nos formatos tradicionais, a câmara contava receber apenas cerca de 150 mil euros por ano. Esta perda é compensada com alterações no orçamento municipal, como a já mencionada redução da remuneração dos deputados.

A adjunta do presidente da câmara, Lucile Lheureux, esclareceu a decisão à Euronews: "O modelo de negócio da publicidade urbana está a mudar. Os anunciantes querem mudar para ecrãs digitais. Não queremos fazer essa mudança. Não queremos que as crianças da nossa cidade sejam bombardeadas com publicidade animada em ecrãs de televisão na rua".

Para já, mantêm-se os anúncios nos transportes públicos, visto que o contrato entre a JCDecaux e os sindicato dos transportes só termina em 2019.

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