A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, afirmou esta quinta-feira que Portugal tem tido "um cuidado extremo" na vacinação, porque as vacinas são "medicamentos potentíssimos" que são administrados a pessoas saudáveis.."Não nos podemos esquecer que nós administramos vacinas que são medicamentos potentíssimos que alteram nosso estado, a nossa história imunológica provavelmente para sempre", disse Graça Feitas numa audição por videoconferência no parlamento..Ouvida na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia de covid-19 e do processo de recuperação económica e social, a pedido do PSD, Graça Freitas sublinhou que as vacinas são administradas a pessoas saudáveis..Portanto, defendeu, "temos que ter aqui um cuidado extremo e esse tem sido um cuidado extremo em Portugal"..Graça Freitas sublinhou que "a segurança" é "um valor enorme" em tudo, mas disse que "na vacinação é muito importante até para o capital de confiança" que a população tem na vacinação e isso deve-se ao facto de portugueses saberem que "quando são vacinados estão a ser protegidos em segurança"..Destacou ainda a importância da interação entre a qualidade do produto da vacina, que são suas características, e a qualidade dos hospedeiros, as pessoas vacinadas, e o efeito que as vacinas produzem na população..Nesta equação, adiantou, "entra sempre" a situação epidemiológica: "Se estivermos numa fase de explosão pandémica, por exemplo, ou epidémica poderemos aceitar um risco ligeiramente superior, se tivermos uma situação de controle epidémico, podemos não aceitar esse risco".."Isso é sempre assim na vida, portanto, é o balanço entre os benefícios e os riscos", rematou a diretora-geral da Saúde..Também presente da audição, o coordenador da Comissão Técnica de Vacinação Contra a Covid-19 da DGS, Valter Fonseca, realçou, em resposta aos deputados, a importância de o plano de vacinação ser flexível.."A flexibilidade da sua capacidade de se adaptar tem sido fundamental ao longo destes seis meses, com várias adaptações para fundamentalmente três variáveis", que "mudam rápido" e muitas delas imprevisíveis, constituindo, "mais do que constrangimentos, desafios", declarou.Neste momento, adiantou, a circulação de variantes de preocupação tem levantado questões sobre a efetividade vacinal e o plano tem conseguido dar resposta como aconteceu esta quinta-feira com o encurtamento do intervalo entre as duas doses da AstraZeneca de 12 para oito semanas..Esta decisão baseou-se nos dados, sobretudo do Reino Unido, que têm demonstrado que a importância da segunda dose "é ainda mais significativa" quando há "variantes de preocupação em circulação" como a Delta, associada à Índia, e visa dar "uma proteção mais rápida e mais completa", sobretudo, às pessoas já vacinadas que estão dentro dos grupos de "maior vulnerabilidade, sobretudo pela idade".."A fundamentação técnica resulta de uma análise que balanceia o risco de ter alguma reação adversa com a vacina e o benefício de proteger a população de uma infeção", um balanço que é feito "país, a país, situação, a situação", salientou..Instado a fazer um balanço do processo de vacinação, Valter Fonseca afirmou que na perspetiva da DGS tem evoluído de "uma forma muito positiva".."Portugal tem uma vacinação a bom ritmo, está bem posicionado comparativamente aos restantes Estados-Membros, e temos felizmente a possibilidade de contar com a aquisição de doses de vacinas que permitem vacinar toda a população, mesmo com estas restrições em prol da segurança e, por isso, estamos convictos que o plano será um plano de sucesso e que alcançará os indicadores que nos permitem também monitorizar o alcance da proteção da população", considerou..Segundo o último relatório da DGS, mais de 4,3 milhões de pessoas em Portugal já receberam a primeira dose da vacina, o equivalente a 42% da população, e quase 2,6 milhões (25%) têm a vacinação completa..Desde o início da pandemia, já morreram em Portugal 17.057 pessoas dos 861.628 casos de infeção confirmados.