O anunciado fim da crise não impede que dezenas de milhares de portugueses com qualificações superiores continuem fora do mercado de trabalho. E é a estes que se destina a parceria "Competências digitais+", assinada hoje entre o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, numa cerimónia em Leiria onde marcaram presença o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor. O objetivo do programa, que envolve também várias empresas tecnológicas nacionais e estrangeiras, é permitir que estes desempregados - para já o objetivo é abranger até 1500 - se reinventem numa espécie de versão 2.0 de si mesmos, mais familiarizada com as tecnologias da informação, e assim regressem ao ativo.."Apesar de se terem criado 350 mil empregos nesta legislatura, há ainda 50 mil desempregados com formação superior", confirmou ao DN Manuel Heitor. "Simultaneamente, continuamos a ter uma procura, sobretudo de competências digitais, muito grande, sem que as empresas encontrem trabalhadores suficientes com as competências adequadas. A meta, resumiu, será ligar trabalhadores, instituições de formação e empregadores, num processo benéfico para todos.."É um processo de reconversão, sobretudo de pessoas na faixa etária entre os 30 e os 40 anos, mas temos também um desafio, designadamente do ensino politécnico, para formar adultos. É uma necessidade mas também uma oportunidade para as próprias instituições do ensino superior, nomeadamente os institutos politécnicos, face à pressão demográfica que leva a que haja menos jovens [para frequentarem as suas formações]", considerou..O papel do IEFP - além do financiamento global de 3,5 milhões de euros, até final de 2019, que deverá abranger um total de 14 institutos politécnicos - será, segundo o ministro, de utilizar "o seu know-how, associando regionalmente quer empregadores quer instituições", de forma a que os alunos que terminem estas ações tenham "formações muitos especializadas, orientadas para as necessidades das pessoas mas também para a procura no mercado". Por outro lado, desde que tenham pelo menos uma licenciatura, os candidatos podem vir de "todas as áreas possíveis e imaginárias, das artes à psiquiatria"..OutSystems e Critical Software entre as empresas tecnológicas parceiras.O programa arranca com parcerias com os politécnicos de Leiria, Cávado e Ave, Bragança, Castelo Branco, Viseu e Setúbal, cada um abrangendo uma "rede" específica de seis regiões distintas..Já as empresas parceiras incluem, de acordo com Manuel Heitor, "a OutSystems, a Deloitte, a Critical Software e a Altran", várias das quais estão em fase de "instalar representações em todo o país". De resto, segundo o ministro, o programa é inspirado por exemplos de sucesso no estrangeiro mas também em Portugal. "Por exemplo, o caso do Fundão, com a Altran, em que foi possível não apenas atrair mas requalificar pessoas que estavam no desemprego."