O ministro do Ambiente assumiu esta quarta-feira que o Governo nada está a fazer no sentido de pressionar o encerramento da central nuclear espanhola de Almaraz, a cerca de 100 quilómetros de Portugal..Na comissão parlamentar de Ambiente, Matos Fernandes foi questionado pelo PSD sobre o processo relativo à central espanhola, com a deputada social-democrata Emília Cerqueira a comentar que "o risco aumenta todos os dias"..A central, localizado em Cáceres, está a operar além do seu período de vida útil, tendo já motivado protestos do lado da população portuguesa e espanhola..O ministro do Ambiente sublinhou que "cabe a Espanha tomar decisões", mas frisou que o país vizinho tem prestado todos os esclarecimentos pedidos por Portugal.."Existe total autonomia do reino de Espanha", comentou Matos Fernandes, adiantando, contudo, não ter simpatia pela energia nuclear, mas lembrando que a central é gerida por Espanha.."Não estamos a fazer nada no sentido de pressionar o encerramento de Almaraz", declarou, acrescentando não ter motivos para duvidar das informações de Espanha..Perante as explicações do ministro, o PSD reiterou as afirmações sobre o risco da central de Almaraz..[citacao:Chernobil não era um problema até acontecer].Também o Partido Ecologista Os Verdes recuperou o tema de Almaraz, pedindo ao ministro maior determinação em relação a Espanha e lembrando que qualquer incidente ou acidente terá efeitos transfronteiriços..A licença de exploração de Almaraz terminou em junho de 2010 e, desde então, vários foram os protestos da população, espanhola e portuguesa, e das organizações de defesa do ambiente, que querem o encerramento da central nuclear..No início do mês, uma manifestação ibérica que decorreu em Cáceres pelo encerramento da central nuclear juntou cerca de 2.200 pessoas, das quais mais de 600 portugueses..[artigo:5223507].A plataforma de associações que organizou a participação portuguesa nesta manifestação ibérica considera que é imperativo estabelecer um calendário para o encerramento da central espanhola..Num manifesto conjunto divulgado no dia da manifestação (11 de junho), as cerca de 20 associações portuguesas presentes consideraram que a central de Almaraz "é ainda mais perigosa porque se encontra num estado de segurança degradado, dada a nula cultura de segurança dos seus proprietários".."A radioatividade não conhece fronteiras e pode ser transmitia pela água e pelo ar. Uma fuga de Almaraz não só afetaria terras espanholas, mas também portuguesas", segundo o manifesto..[artigo:5223219]