O Governo vai marcar, na próxima semana, uma reunião do Conselho de Ministros exclusivamente para debater o défice e as metas orçamentais, revelou hoje a ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques..Segundo a análise à execução orçamental até setembro da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), conhecida na quinta-feira ao final do dia, o défice em contas nacionais (as que contam para Bruxelas) deve ter ficado acima dos 3,7% do PIB entre janeiro e setembro deste ano, um valor acima da meta do anterior Governo para a totalidade do ano e dos 3% necessários para deixar o Procedimento por Défices Excessivos..Questionada pelos jornalistas sobre esta análise, Maria Manuel Leitão Marques disse que "dentro em breve o Conselho de Ministros terá uma sessão apenas dedicada a essas questões", acrescentando que a reunião ocorrerá "provavelmente" para a próxima semana..Maria Manuel Leitão Marques não quis falar sobre a necessidade de mais medidas extraordinárias. Respondeu apenas que os "ministros estão a trabalhar"..PS preocupado. "Afinal não houve uma saída limpa".O PS chama a atenção para os "dados altamente preocupantes" a nível orçamental revelados pela UTAO, advogando que "afinal não houve uma saída limpa na execução orçamental" do país.."Os desvios na receita e despesa dificilmente serão respondidos pelas almofadas orçamentais incorporadas pelo anterior governo no Orçamento de 2015", advertiu o deputado socialista João Paulo Correia, em declarações aos jornalistas no parlamento..[artigo:4915133].Estes são "dados altamente preocupantes", mas o PS, afirma o deputado, "quer acreditar" que é possível atingir os 3% de défice no final de 2015.."Mesmo com o rigor que este Governo está predisposto a introduzir desde o primeiro dia da sua governação até ao dia 31 de dezembro será difícil responder aos desvios que já estão previstos para o mês de dezembro", vincou João Paulo Correia..[artigo:4915253].Os desvios, prosseguiu, estão já identificados e dizem respeito a um aumento da aquisição de bens e serviços acima do previsto e a despesa com pessoal a nível salarial..[artigo:4914934].Para que o défice orçamental fique abaixo dos 3% no final de 2015, garantindo o encerramento do Procedimento dos Défices Excessivos (PDE), "o saldo orçamental do quarto trimestre terá de se situar também numa situação próxima do equilíbrio, mas com um resultado relativamente menos exigente do que para o cumprimento da meta anual", sinaliza a UTAO..PSD pede "rigor" a governo de Costa.O PSD sublinhou hoje que a meta do défice nos 3% no final de 2015 é, para a UTAO, "alcançável", desde que se mantenha o "rigor na gestão" das contas públicas até final do ano..Para o deputado social-democrata Duarte Pacheco, que falava no parlamento, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), ao analisar os dados referentes a outubro, frisa que os 3% de défice das administrações públicas no final de 2015 é alcançável, embora a trajetória até lá seja "exigente" e por isso "o rigor tem de ser mantido"..CDS admite perigo de incumprimento.A deputada do CDS-PP Cecília Meireles reconheceu hoje o perigo de incumprimento do défice de 3%, mas sublinhou que a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) considera ainda ser possível atingir a meta preestabelecida pelo anterior Governo.."A UTAO, como é sua função, alerta para os riscos, mas deixa também claro que é possível chegarmos à meta dos 3% ou abaixo", afirmou a parlamentar centrista, nos passos perdidos do parlamento, adiantando que "também é bom acrescentar que aquilo que são as despesas essenciais, que se repetem, fixas, do Estado estão acauteladas"..PCP: "vão descobrir-se todas as artimanhas e falsidades da propaganda do anterior Governo".O líder parlamentar do PCP antecipou hoje várias "artimanhas" do anterior Governo PSD/CDS-PP por descobrir, como os problemas assinalados pela Unidade Técnica de Acompanhamento Orçamental (UTAO) quanto ao cumprimento da meta do défice..[artigo:4915683]."Uma vez demitido o Governo PSD/CDS, vão descobrir-se todas as artimanhas e falsidades da propaganda do anterior Governo, que já tinha falhado todas as metas que tinha fixado, quer para o crescimento económico, quer para o défice orçamental, em todos os anos", afirmou João Oliveira, nos passos perdidos do parlamento..[citacao:Lembramo-nos bem de Paulo Portas, há um ano, dizendo que pela primeira vez, em 2015, Portugal teria um défice abaixo dos 3%. Mais uma vez, as metas que o próprio Governo fixou vão ser incumpridas]."O Governo ocultou despesa que já sabia que ia ter, portanto, utilizou a dotação provisional e a reserva orçamental para fazer face a despesas correntes que já sabia que ia ter, para sustentar aquele cenário de uma meta de défice abaixo dos 3%, e, por outro lado, sobrestimou a capacidade de arrecadação da receita que não corresponde à situação económica que nós temos", afirmou.."Fortaleza" económica que PSD e CDS prometeram é afinal castelo de cartas.Para o Bloco de Esquerda a "fortaleza" económica que PSD e CDS-PP prometeram em campanha eleitoral deixar ao novo Governo não é mais que um "castelo de cartas" que ao menor sopro "pode cair"..A deputada bloquista Mariana Mortágua advertiu que é preciso "colocar as responsabilidades no sítio certo" sobre desvios orçamentais.."Os dados da UTAO dizem respeito à execução orçamental de outubro, onde havia um Governo em funções", da responsabilidade de PSD e CDS-PP, vincou a parlamentar..E acrescentou: "PSD e CDS fizeram uma campanha a garantir ao país que havia uma fortaleza: havia crescimento económico sólido, recuperação económica sólida, contas públicas sólidas", mas afinal sabem que o défice de 2,7% no final do ano "dificilmente pode ser cumprido" e os partidos querem "imputar responsabilidades ao novo Governo".