A deputada do CDS-PP Cecília Meireles reconheceu hoje o perigo de incumprimento do défice de 3%, mas sublinhou que a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) considera ainda ser possível atingir a meta preestabelecida pelo anterior Governo.."A UTAO, como é sua função, alerta para os riscos, mas deixa também claro que é possível chegarmos à meta dos 3% ou abaixo", afirmou a parlamentar centrista, nos passos perdidos do parlamento, adiantando que "também é bom acrescentar que aquilo que são as despesas essenciais, que se repetem, fixas, do Estado estão acauteladas"..A UTAO estimou que o défice das administrações públicas, em contas nacionais, tenha ficado nos 3,7% entre janeiro e setembro deste ano, um valor acima da meta do anterior Governo para a totalidade do ano, sendo que "o défice das administrações públicas, em contabilidade nacional [a ótica que conta para Bruxelas], ficou entre 3,4% e 4,0% do PIB [Produto Interno Bruto] no período de janeiro a setembro de 2015, o qual, ajustado de medidas extraordinárias, fixou-se entre 3,2% e 3,8% do PIB".."O cumprimento de metas, exigentes como as que estabelecemos para nós próprios, exige sim rigor e cautela. É isso que se espera deste Governo, que consiga manter esta meta, o que é perfeitamente possível. Se começarmos a autorizar agora todo o tipo de despesas ou a antecipar pagamentos, naturalmente isso faz perigar a meta. Tem de haver um cumprimento rigoroso. O ritmo, sobretudo do último trimestre, tem de ser mantido", continuou Cecília Meireles que falava aos jornalistas no parlamento..Relativamente aos denominados "cofres cheios", defendidos pela anterior ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, a deputada democrata-cristã afirmou que tais "dotações não são supostas terem uma execução mensal exatamente igual de uns meses para os outros", sendo "normal que, em muitos meses, haja uma execução quase nula e, depois, outra num momento em que alguma coisa de inesperado aconteça".