O Ministério da Agricultura esclareceu esta sexta-feira que "não há, à data", qualquer razão que faça antever eventual escassez de alimentos e garante que está a "realizar a monitorização e acompanhamento permanente relativamente ao abastecimento alimentar nacional"..Este esclarecimento surge na sequência de notícias que dão conta da possibilidade de escassez de alimentos e aumento dos preços de produtos alimentares.."Não há, à data, qualquer motivo que faça antever a possibilidade de escassez de alimentos", afirma o Ministério da Agricultura, salientando que relativamente aos preços dos produtos alimentares, "verifica-se uma tendência de aumento em toda a União Europeia, devido aos elevados custos das matérias-primas, fertilizantes e energia"..Esta tendência "poderá ser agravada pelo atual conflito militar entre a Rússia e a Ucrânia", adverte..O Ministério da Agricultura está, "em conjunto com as outras áreas governativas, a realizar a monitorização e acompanhamento permanente relativamente ao abastecimento alimentar nacional"..Nesse sentido, "reuniu, no passado dia 28 de fevereiro, com o 'Grupo de Acompanhamento e Avaliação das Condições de Abastecimento de Bens nos Setores Agroalimentar e do Retalho em Virtude das Dinâmicas de Mercado', não tendo sido reportados quaisquer riscos de rutura no abastecimento"..Está agendada uma nova reunião com este grupo para o próximo dia 21 de março.."Esse acompanhamento é também realizado através do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP), estando agendada uma reunião da Comissão Consultiva para o Setor dos Cereais com as confederações dos agricultores portugueses, para o próximo dia 18 de março, e uma reunião da ministra da Agricultura com as confederações, para a próxima segunda-feira, dia 14", adianta o ministério..Em 07 de março, por iniciativa do Ministério da Agricultura, o secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural e o secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor reuniram-se com os principais operadores nacionais (SILOPOR -- Empresa de Silos Portuários, ACICO -- Associação Nacional de Armazenistas, Comerciantes e Importadores de Cereais, IACA - Associação Portuguesa dos Alimentos Compostos para Animais e APIM - Associação Portuguesa da Indústria da Moagem), "não tendo sido reportada qualquer perspetiva de ruturas de 'stock' ou eventuais problemas na disponibilidade de stock atual e futuro, quer de cereais panificáveis, quer de cereais forrageiros"..Portugal importa da Ucrânia, principalmente, cereais para alimentação animal, "existindo para estas matérias-primas outras origens alternativas (América do Sul e América do Norte), com as quais os operadores têm já contacto"..Estão também "em curso operações e contactos com novos fornecedores, como é o caso da África do Sul"..Os cereais destinados à alimentação humana, como é o caso dos trigos panificáveis, "têm como principal origem de importações França, estando este circuito estável e consolidado"..No que respeita às gorduras alimentares, "o abastecimento tem sido assegurado, sendo de sublinhar as disponibilidades nacionais de azeite, cuja campanha atual registou um recorde de produção"..Já aos restantes produtos alimentares, o Ministério da Agricultura sublinha que "não se verifica pressão no que diz respeito à sua disponibilidade, quer através da produção nacional, quer no quadro do mercado único europeu"..O ministério sublinha que, tanto a nível nacional como europeu, "estão já em funcionamento grupos de monitorização da situação de abastecimento alimentar, entre os Estados-membros e as associações representativas da produção, indústria e comercialização, de modo a avaliar e solucionar eventuais constrangimentos nas cadeias de abastecimento"..Ainda hoje, o Comité Permanente de Plantas, Animais, Alimentos e Rações (PAFF) "reúne-se nesse sentido, estando também marcado, para o dia 21 de março, um Conselho de Ministros da Agricultura e Pescas da União Europeia e, para o dia 23 março, uma reunião do Grupo de peritos sobre o Mecanismo Europeu de Preparação e Resposta à Crise de Segurança Alimentar"..No âmbito da Política Agrícola Comum (PAC), o Ministério da Agricultura tem defendido o aumento da produção agrícola europeia através da permissão do uso para produção das terras em pousio e uma ação coordenada e atempada de antecipação e prevenção de possíveis ruturas de matérias-primas..Por exemplo, "através de compras comuns de fertilizantes", refere.."Estão também em avaliação, pela Comissão Europeia, outras medidas excecionais de estabilização de mercado, a extensão da medida covid no âmbito do desenvolvimento Rural (FEADER) para mitigação dos impactos ao nível dos setores mais afetados e a utilização da reserva de crise da PAC, sendo expectável que, na reunião do Conselho de Ministros da Agricultura e Pescas da União Europeia, que se realiza no dia 21 de março, sejam tomadas medidas concretas", acrescenta o ministério..A presidente da Cruz Vermelha, Ana Jorge, enalteceu o "movimento grande de solidariedade" em Portugal para ajudar os afetados pela guerra na Ucrânia, sobretudo com alimentos, roupas e outros produtos para necessidades básicas.."Há um movimento grande de solidariedade fora da Cruz Vermelha, de toda a população que tem sido inexcedível em encontrar quer alimentos, quer roupas, sobretudo as necessidades básicas iniciais", disse a responsável da organização humanitária..Ana Jorge está na cidade da Praia onde participou na quinta-feira na tomada de posse dos novos órgãos sociais da Cruz Vermelha de Cabo Verde, liderada por Arlindo Soares de Carvalho, e foi recebida hoje pelo Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca..Sublinhando que Portugal é "muito solidário", por ser um "país de imigrantes e refugiados", a presidente disse que a Cruz Vermelha tem feito recolha de fundos financeiros para apoiar no local, onde existe um comité desde 2014..Entretanto, agora com a guerra, disse que essa equipa foi reforçada, para poder ter uma maior intervenção, daí a necessidade de ter mais fundos financeiros..Numa altura em que Portugal já está a receber os primeiros refugiados, Ana Jorge deu conta que a Cruz Vermelha já tem todas as suas equipas a postos em todo o país para apoiar nas necessidades básicas, como alimentos, apoio psicossocial e ajuda na legalização.."Estão praticamente todos os dias a chegar grupos de refugiados e o apoio que tem sido pedido à Cruz Vermelha é estar integrado nesse apoio porque tem uma grande experiência na área de acolhimento de refugiados", frisou..Ana Jorge lembrou, porém, que a Cruz Vermelha e Portugal têm refugiados da Síria e do Afeganistão que também precisam ser integrados.