Governo garante que "não existe nenhuma lista secreta"

António Costa e Constança Urbano de Sousa lembram trabalho de campo feito "casa a casa" nas aldeias afetadas
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"Não existe nenhuma lista secreta", a garantia foi dada hoje pela ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, a propósito da alegada disparidade do número de vítimas mortais do incêndio de Pedrógão Grande na lista oficial e em listas entretanto divulgadas na imprensa. O primeiro-ministro afirmou que "não é o Governo que constrói a estatística", e apelou a que quem tenha conhecimento de um maior número de vítimas no incêndio o comunique de imediato à Polícia Judiciária e ao Ministério Público.

"Se alguém tem conhecimento de um maior número de vítimas deve, obviamente, comunicar imediatamente esse facto à Polícia Judiciária e ao Ministério Público", afirmou, defendendo que seria intolerável que algum facto ficasse por apurar ou que permanecessem quaisquer dúvidas sobre o incêndio.

"Seria intolerável, perante o drama que vivemos em Pedrogão, que houvesse qualquer facto que ficasse por apurar ou qualquer dúvida que subsistisse. Tudo deve ser esclarecido o mais pronta e seguramente. É por isso que as autoridades estão a trabalhar, para apurar e esclarecer aquilo que todos nós temos direito a saber", afirmou o chefe do Governo.

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António Costa acrescentou que a informação de que dispõe é que todas as aldeias foram vistas, casa a casa, pelas autoridades. De acordo com o primeiro-ministro, também a lista dos potenciais desaparecidos na altura do incêndio foi "exaustivamente verificada".

Questionado pelos jornalistas sobre os critérios que contabilizam mortes diretas ou indiretas no caso de Pedrogão Grande, António Costa disse que cabe às autoridades, nomeadamente ao Instituto de Medicina Legal, definir esses critérios.

Contudo, o primeiro-ministro manifestou sentir-se chocado com o debate em torno dos critérios estatísticos para contabilizar os mortos do incêndio. "Considero até chocante a discussão sobre critérios estatísticos", disse, sublinhando que a "dimensão da tragédia" não é menor mesmo que tivessem sido metade as vítimas mortais.

"A dimensão desta estratégia não era menor se tivesse sido metade o número de pessoas que faleceram", disse.

O incêndio que deflagrou a 17 de junho em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, provocou, segundo as autoridades, 64 mortos. Mas, nos últimos dias surgiram notícias que dão conta de mais vítimas mortais.

Na edição de hoje, o jornal I publica uma lista com 73 nomes que o jornal diz terem sido mortos confirmados da tragédia. Desta lista, elaborada por uma empresária para a realização de um memorial às vítimas, fazem parte 38 nomes de pessoas que morreram na Estrada Nacional 236.1, encurraladas pelos incêndios.

Já no fim de semana, o jornal Expresso referia que o número final de mortos, divulgado pelas autoridades, excluía pelo menos um caso: de uma senhora que morreu atropelava quando fugia às chamas.

"Todas as pessoas foram identificadas pelo Instituto de Medicina Legal que faleceram na sequência direta, naturalmente, desse incêndio, dessa ocorrência", afirmou hoje a Ministra da Administração Interna. Constança Urbano de Sousa referiu que os critérios para a elaboração da lista foram definidos pela Polícia Judiciária e pelo Ministério Público, e que "foram critérios muito objetivos:as pessoas que faleceram em consequência desse incêndio, seja por inalação de fumos, seja por queimaduras, por exemplo".

Para a ministra é importante apurar "se há essa divergência de números". Tal como António Costa, a governante salientou que "houve equipas mulltidisciplinares que estiveram por todas as aldeias,foi batido todo o terreno, nomadamente por militares, e não houve notícia de mortos relacionadas com o incêndio".

Questiionada acerca da razão pela qual a lista oficial de vítimas não é divulgada, a ministra repetiu que "o Governo não mantém nenhuma lista secreta". "A lista de vítimas consta de um processo judicial, do Ministério Público, que classificou aquele processo com segredo de justiça.", disse.

Esta manhã, a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) disse desconhecer a existência de qualquer vítima além das 64 confirmadas pelas autoridades, que encaixe nos critérios definidos para registar os mortos dos incêndios na região centro.

"O assunto foi clarificado e o número de vítimas final está certo: são 64 vítimas mortais", disse Patricia Gaspar, da ANPC, sublinhando que o registo teve por base critérios definidos pelas autoridades competentes.

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