Governo e PS com fractura exposta

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Tínhamos razão, na Iniciativa Liberal, quando em Janeiro apresentámos uma moção de censura ao Governo. Não para "marcar agenda", como alguns comentadores afirmaram, mas com a convicção firme de que esta maioria absoluta de António Costa é incapaz, incompetente e instável, logo nociva para o país.

Os factos entretanto ocorridos só nos deram razão. Isto já lá não vai com remodelações. Até porque o primeiro-ministro estraga mais o Governo de cada vez que mexe nele. Viu-se o que aconteceu em Setembro, quando chamou Miguel Alves para seu secretário de Estado adjunto: nem dois meses durou. Viu-se depois quando a secretária de Estado da Agricultura saiu menos de 24 horas após tomar posse. E nem vale a pena falar em Alexandra Reis, que mal aqueceu o lugar como secretária de Estado do Tesouro devido às situações inenarráveis à volta da TAP que já levaram à demissão do anterior ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e do seu secretário de Estado Hugo Mendes. Ambos irão depor à comissão parlamentar de inquérito.

O destino deste executivo depende muito das conclusões que ali forem apuradas. Já sabemos que cinco ministros faltaram à verdade em diferentes fases do processo. E ainda há muito por desvendar. Consequência da falta de visão estratégica de António Costa, que se apresentou às urnas em 2015 clamando pela reversão para o Estado da TAP já privatizada. As asneiras cometidas pelo Governo foram de tal monta que agora a palavra de ordem é inversa: há que reprivatizar a empresa a toda a velocidade. Depois de os contribuintes lá terem enterrado 3,2 mil milhões de euros. Esta brincadeira de péssimo gosto custou 400 euros a cada português. Imagine-se quantas promessas podiam ser concretizadas com essa verba. Os hospitais que António Costa anunciou que construiria sem ter cumprido. A habitação pública que António Costa prometeu para as bodas de ouro do 25 de Abril e afinal não passa de propaganda.

Os deploráveis acontecimentos da última semana em torno do ministro João Galamba, confirmaram que a Iniciativa Liberal apresentou a moção de censura no momento certo. Um ministro que mente a propósito da reunião da ex-CEO da TAP com deputados do PS, tendo escondido a existência de outra preparatória promovida por ele próprio, confunde o SIS com a PJ e recebe uma humilhação pública do Presidente da República, que o considera inapto. Tudo isto evidencia o irregular funcionamento deste Governo. No seu discurso ao país, Marcelo Rebelo de Sousa esteve bem no diagnóstico. Faltou-lhe ser consequente na terapia. A maioria absoluta do PS, na prática, já implodiu. Acabou.

Basta ouvir vários ex-ministros socialistas para se perceber como a fractura está exposta, a exigir cuidados intensivos. Adalberto Campos Fernandes diz que "a substituição de João Galamba não chega". Pedro Siza Vieira admite "problemas de coordenação e fragilidades". José Vieira da Silva reconhece que a guerra pela sucessão de António Costa "está no terreno e não é alheia ao que se passou". Alexandra Leitão conclui: "Quando há um problema, o Governo perde a cabeça." Até o presidente do partido, Carlos César, apela ao primeiro-ministro para "refrescar" o executivo.

Tantos erros e tantos escândalos contaminam o Conselho de Ministros e alarmam os próprios socialistas. Tanto desgoverno indigna os portugueses. Até segundo sondagens, cerca de um terço dos que votaram PS já estão arrependidos.

A alternativa (na qual a Iniciativa Liberal é incontornável) existe e estará ao serviço do país. Assim que o Presidente da República entenda ser consequente.

Deputado Iniciativa Liberal
Escreve de acordo com a antiga ortografia

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