Governo congolês felicita e critica Prémio Nobel da Paz

O Prémio Nobel da Paz atribuído a Denis Mukwege não caiu muito bem entre as hostes do presidente Joseph Kabila. Porta-voz do governo criticou a mistura da ação humanitária com a ação política.
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O governo congolês deu os parabéns ao médico ginecologista Denis Mukwege, laureado com o Nobel da Paz, apesar do "desacordo" público com a aquela figura da sociedade civil congolesa.

"O governo felicita o Dr. Denis Mukwege pelo trabalho muito importante que fez apesar de estarmos muitas vezes em desacordo", declarou o porta-voz do governo congolês, Lambert Mende, à AFP.

"Estamos muitas vezes em desacordo com Denis Mukwege, de cada vez que tenta politizar a sua obra que, todavia, é importante do ponto de vista humanitário. Estamos satisfeitos com o reconhecimento do Comité do Nobel pelo trabalho de um compatriota congolês", concluiu Mende.

Em julho, Denis Mukwege instou os congoleses a "lutar pacificamente" contra o regime do presidente Joseph Kabila. As eleições de 23 de dezembro, previa, "sabe-se de antemão que serão falsificadas".

No entanto, Kabila prometeu, no início de agosto, renunciar, tendo designado um candidato para as eleições.

"Mukwege errou ao afirmar que o presidente Kabila queria um terceiro mandato", disse o porta-voz do governo congolês. "Embora tenha sido reconhecido pelo Comité do Nobel ele não é infalível. Não foi sobre este domínio que lhe foi atribuído o Prémio Nobel, mas por causa do seu apoio à nossas pobres mulheres martirizadas.

Denis Mukwege tratou milhares de mulheres vítimas de abusos sexuais e de violência em resultado do conflito armado em Kivu (leste da República Democrática do Congo),

Mukwege foi informado de que tinha sido laureado com o Prémio Nobel da Paz quando terminava a segunda operação do dia. Na primeira reação, o médico afirmou: "Vejo nas caras de muitas mulheres como estão felizes por terem sido reconhecidas."

Em 2014 foi distinguido com o Prémio Sakharov do Parlamento Europeu.

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