A secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, comprometeu-se esta sexta-feira, em Coimbra, a incluir livros em braille e de leitura tátil no Plano Nacional de Leitura (PNL), embora sem assumir datas.."Comprometi-me a começar agora a reunir para ver como vamos incluir [aqueles livros no PNL] e havemos de conseguir", disse a governante à agência Lusa, no final da sessão solene das V Jornadas Deficiência Visual e Intervenção Precoce, que decorreram no Hospital Pediátrico de Coimbra..A promessa de Ana Sofia Antunes acabou por ir ao encontro do desafio lançado pelo presidente da Associação Nacional de Intervenção Precoce (ANIP), Luís Borges, que apontou duas falhas no PNL: o facto de não abranger crianças invisuais e não abranger as crianças em idade pré-escolar.."Foi um desafio que me foi lançado hoje, que faz todo o sentido", salientou a governante, que considera a medida um "passo fundamental para o desenvolvimento de qualquer criança com limitações sensoriais, nomeadamente ao nível da visão"..Na sessão solene, a secretária de Estado da Inclusão disse que o Governo tudo fará para que se possa incluir no PNL um conjunto de títulos e "que as questões financeiras não sejam justificação para que se continue a adiar esta iniciativa"..Sem assumir datas, Ana Sofia Antunes acrescentou que "se deve avançar, neste momento, com alguma rapidez, para conseguir ter à disposição destes leitores de primeira maré aquilo que eles precisam: o incentivo para começarem a ler e prenderem-se à leitura"..Organizadas pela ANIP, as V Jornadas Deficiência Visual e Intervenção Precoce, que decorreram no Hospital Pediátrico de Coimbra, foram dedicadas ao tema da literacia emergente para a cegueira..Num dos painéis da manhã, foi apresentado o livro infantil "O que vês, o que vejo...", que será editado num formato de edição pioneiro em Portugal - álbum tátil ilustrado de acordo com o modelo háptico, numa abordagem multissensorial mais próxima do contexto percetivo das crianças invisuais..Para a coordenadora da iniciativa, Viviana Ferreira, que integra o Centro de Apoio à Intervenção Precoce na Deficiência Visual, o objetivo passa por produzir alguns materiais que promovam oportunidades de literacia emergente para a cegueira, mas que a maior preocupação é o financiamento.."Falamos para uma população muito reduzida - a cegueira é uma doença de baixa incidência - e, por isso, os números não são muito atrativos para quem financia, porque se tivermos financiamento nós conseguimos desenvolver trabalho para que estas crianças tenham acesso a recursos que promovam a literacia antes da entrada para a escola", sublinhou.