Governo alerta para fogos "difíceis de gerir" que podem vir a ser "quase catastróficos"
"Hoje, o que podemos dizer é que vamos enfrentar dias de enorme complexidade e de risco de incêndio muito elevado", disse aos jornalistas Patrícia Gaspar, no final da reunião do Centro de Coordenação Operacional Nacional, na Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), onde foi analisado o que se passou nas últimos dias e o risco previsto até à próxima sexta-feira.
Ressalvando que a situação é avaliada diariamente entre ANEPC e o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a secretária de Estado avançou que o contexto meteorológico diz que "qualquer ocorrência que possa ocorrer nos próximos dias tem um enorme potencial de desenvolvimentos quase catastróficos".
Segundo a governante, esta semana vão ocorrer ventos fortes e velocidades de propagação de incêndios "muito acima da média".
Patrícia Gaspar frisou que cerca de 70% dos concelhos do país, sobretudo nas regiões do interior centro e norte e do Algarve, estão em risco máximo ou elevado de incêndio rural.
"Vamos enfrentar um cenário meteorológico muito complicado com um potencial de ocorrências difíceis de gerir", frisou.
Recorde-se que Portugal vive desde a última sexta-feira a onda de calor "mais persistente do ano", segundo o IPMA, com as temperaturas a dispararem um pouco por todo o país.
A secretária de Estado explicou que esta situação vai ser "reavaliada hoje e é altamente provável" que a ANEPC tenha que elevar para alerta laranja alguns dos distritos que estão atualmente em alerta amarelo, sendo até possível alterar "para um nível superior caso se confirmem algumas das previsões", designadamente para o estado de alerta especial mais elevado, o vermelho.
"Tudo vai depender desta articulação que vamos manter nos próximos dias com o IPMA e em função dessa confirmação a ANEPC atuará em conformidade", precisou.
A governante apelou também aos portugueses para "não usarem qualquer espécie de fogo junto aos espaços rurais", sublinhando que "todo o cuidado é pouco" e que é preciso "tolerância é zero" em relação ao uso do fogo.
Patrícia Gaspar avisou a população que junto aos espaços florestais "é completamente proibido o uso do fogo".
A secretária de Estado disse igualmente que a prioridade no combate aos incêndios passa também pela proteção dos operacionais que estão envolvidos.
No passado domingo um bombeiro morreu durante o combate a um incêndio na Serra da Lousã, do qual resultaram mais três feridos. E na segunda-feira cinco bombeiros sofreram ferimentos, dois deles com gravidade, durante um fogo em Castro Verde (Beja). O Ministério da Administração Interna anunciou a abertura de um inquérito à morte do bombeiro na Lousã.
* atualizado às 14.50