O ministro da Defesa evocou o escritor Mark Twain ao afirmar que os contratos assinados esta terça-feira pela empresa Arsenal do Alfeite (AA), com o fabricante alemão dos submarinos da Marinha e com este ramo, confirmaram ser exageradas as notícias da morte daqueles estaleiros portugueses..Esses contratos "são o Cabo Bojador" para os estaleiros do Alfeite, sublinhou João Gomes Cravinho, que presidiu à cerimónia de assinatura dos três contratos que permitem à AA realizar a manutenção intermédia do submarino português Arpão - como subcontratada da ThyssenKrupp Marine Systems (TKMS)..O Cabo Bojador situa-se ao largo do Saara e foi ultrapassado em 1433 pelo navegador português Gil Eanes, quando era considera intransponível e um local pejado de monstros marinhos porque nenhum navio sobrevivia à passagem por essa zona da costa africana..Gomes Cravinho realçou tratar-se de um projeto de "manifesto interesse nacional" que transcende a componente meramente comercial, além de que esta aposta "vai permitir ganhos de competitividade" da AA no mercado da indústria naval..No entanto, importa recuperar os equipamentos dos estaleiros para "manter vivia e maximizar" a capacidade industrial da AA e "conquistar novos contratos" com países que operem submarinos alemães, disse o governante - que, no final da cerimónia, esteve reunido com os responsáveis do Arsenal e da TKMS..Na sua intervenção, Gomes Cravinho frisou que a aposta nos recursos humanos "e a recuperação financeira" do Arsenal "são essenciais para o futuro" dos estaleiros, para o qual contribuirá também a reativação do centro de formação dos estaleiros.."A reestruturação financeira vai ser alavancada com os contratos" agora assinados, assumiu Gomes Cravinho - ficando por saber se o ministro se referia aos milhões de euros existentes nas contas da AA mas retidos pelas Finanças, uma vez que o governante não prestou declarações no final..Nesta cerimónia esteve presente, como convidado, o ex-secretário de Estado da Defesa Marcos Perestrello - mas não esteve presente a anterior presidente da AA, Andreia Ventura, que esteve na base deste projeto de capacitar os estaleiros para reparar e manter os submarinos da classe Tridente - obtendo a certificação alemã que lhe permitirá depois receber submarinos de outros países.."Passado o Cabo Bojador", 2019 "será seguramente um grande ano" a AA e para a indústria naval portuguesa, assinalou ainda João Gomes Cravinho.