Giorgio Armani. Um homem para todas as estações (2.ª parte)
A insistência de Giorgio Armani em combinar a alta-costura com o comércio dá origem a situações estranhas. Ele fez equipa com o chef japonês Nobu Matsuhisa para abrir um restaurante Nobu na sua loja--mãe em Milão, onde recebe os convidados durante a semana de moda. O problema é que ele não gosta de sushi. Assim, enquanto as suas celebridades eleitas comem o desmesuradamente caro sashimi de seriola, ele devora comida italiana.
Com a idade que tem, Armani esteve lá, fez tudo e desenhou a T-shirt. Ele viu a mulher Giorgio desde a prancheta de desenho até à passadeira vermelha: Cate Blanchett vestida de Armani, nos prémios Tony em 2010 e nos Óscares em 2007 e 2014. Tem havido grandes mudanças nos seus negócios e no mundo. Ao nível mais básico, ele diz que a forma dos homens e das mulheres que veste na passerelle e em Bond Street mudou drasticamente - e não para melhor. Os homens, diz ele, ficaram com uma aparência demasiado atlética. "Não gosto do rapaz musculado. Não a ginásio em demasia!" diz a rir. "Gosto de alguém saudável, sólido, alguém que cuida do seu corpo, mas não usa os músculos demais." No entanto, ele não segue esse ditame. Treina quase todas as manhãs no ginásio no último andar do seu palazzo e tem um fraquinho por exibir os seus peitorais.
No entanto, ele não pinta o cabelo e não recorre ao botox. Com efeito, diz que a cirurgia estética "é uma idiotice, a não ser se a pessoa estiver desfigurada". Brinca dizendo que não pode realizar as alterações aos vestidos de alta-costura que algumas mulheres de Beverly Hills solicitam porque não há tecido suficiente para acomodar os seios cirurgicamente aumentados. "Um peito pequeno não precisa de tornar-se grande", diz rindo-se. "Eu prefiro olhar para uma mulher natural. Uma mulher deve ter coragem para envelhecer e não andar desesperada para parecer mais jovem do que a idade que tem. Com o tempo, o corpo da mulher melhora. Quando uma mulher vai trabalhar, tem bebés, ela é forte. Tem carácter. Veja a Cate Blanchett."
Nas últimas quatro décadas, a maior mudança na indústria da moda é a pressão cada vez maior que os estilistas enfrentam para produzirem novas coleções. Quando começou, Armani apresentava coleções outono-inverno e primavera-verão para homens e mulheres. Hoje, existem as duas temporadas de grandes apresentações, mas também coleções de meia estação, coleções de princípio de outono, coleções de cruzeiro e dezenas de submarcas para as quais é preciso desenhar. "Há moda a mais", suspira, aparentemente alheio ao facto de ser ele o culpado. Armani foi pioneiro na diversificação da marca. Ele foi o primeiro estilista a dividir a sua etiqueta em quase uma dúzia de minietiquetas, da acessível A/X Armani Exchange e a económica (mais ou menos) AJ Armani Jeans, passando pela Emporio Armani e a Collezioni, até à imensamente cara Black Label Giorgio Armani e à alta--costura Privé.
Uma pressão demasiado intensa
Há quatro anos, John Galliano foi demitido da Dior, propriedade da LVMH, depois de ter sido filmado a gritar insultos antissemitas a clientes num bar de Paris. Mais tarde soube-se que ele tinha caído em depressão e no alcoolismo. Ele sente pena de Galliano? "Galliano é um génio, mas é também uma vítima. Os seus patrões queriam que ele fosse excessivo. Queriam ter alguma coisa de que as revistas e os jornais falassem e então deixaram-no livre para fazer o que quisesse." Então o esgotamento dele foi culpa da Dior? "Sim. Evidentemente."
Estranhamente, para um homem no topo do mais globalizado dos negócios, Armani viveu toda a sua vida em Itália. Ele viu o país a transformar-se, do empobrecimento do pós-guerra, enquanto crescia em Piacenza, uma pequena cidade nos arredores de Milão, num Estado novamente instável, graças à crise da zona euro. "O desemprego entre os jovens é de 43%. Isso é assustador", reconhece. "Mas, sabe, eu lembro-me como, após a guerra, a Itália lutou pela reconstrução. Foi bonito ver aquela energia. Perdemos isso por um tempo. Perdemos la dolce vita. Espero que possamos recuperar." Como? "A classe política precisa de pensar menos em si e mais sobre o que pode fazer pelo seu país."
"A Itália precisa de uma Margaret Thatcher. Uma líder muito ousada. Uma mulher com duas bolas - não, com quatro bolas!" Ele está de regresso ao seu bom humor, assim decido perguntar-lhe o que pensa realmente das celebridades com que convive nas festas porque, ao longo dos anos, reparei que ele, na verdade, não festeja com elas de todo. Limita-se a aparecer, tira uma fotografia com elas e depois vai para casa dormir. Não gosta delas, afinal? Ele não gosta é de ser ofuscado. O seu desaparecimento é a sua maneira de lhes lembrar que ele é o patrão e a razão pela qual todos estão na festa - não são elas. "É a minha maneira de me vingar. A minha vendetta. Naquele momento, ao sair da festa, mostro que sou mais forte do que toda a gente à minha volta!" Há um gorila de 300 kg na sala, claro, e não é o brinquedo gigante chamado Uri que ele mantém no canto da sua sala de estar e que foi um presente de um produtor de cinema.
Armani é sincero, mas só até certo ponto. Ele fala sobre tudo, exceto a sua vida privada. Ninguém nega que ele é gay. Há uma fotografia do seu companheiro de longa data numa moldura de prata ao lado do sítio onde está sentado. No entanto, não fala sobre ele ou qualquer um dos seus outros parceiros. Na verdade, às vezes, vai tão longe como dizer certas coisas que soam como críticas aos homens gay. "Um homem homossexual é um homem a 100%. Ele não precisa de se vestir de maneira homossexual. Quando a homossexualidade é exibida até ao extremo - para dizer, "Ah, sabem, eu sou homossexual" -, isso não tem nada que ver comigo. Um homem tem de ser um homem", diz ele.
Por que razão faz tanto segredo sobre a sua sexualidade? "Só não quero falar sobre isso. É pessoal e privado. Acrescenta: "Também, não quero expor outras pessoas que estiveram na minha vida." As suas opiniões são tão clássicas quanto o seu gosto em roupa. Eu tento novamente. Lembro-lhe que, recentemente, ele disse: "Não pode haver nada sem amor. Quando acordamos de manhã... precisamos de saber que outra pessoa também está a acordar e a pensar em nós." Então, quem é o amor da sua vida? Ele ri-se: "Tantissimi - tantos!" Não é só a privacidade dele e dos seus amantes que quer salvaguardar. É, como sempre, com o seu negócio que ele está preocupado. Por muito improvável que possa parecer a uma audiência ocidental, que assumiu há muito tempo que ele é gay e não se importa, muitos consumidores em mercados emergentes mais conservadores, nomeadamente na China, pensam que ele é heterossexual. "Acham mesmo que a sua sobrinha, Roberta (que cuida de clientes famosos de Armani), é filha dele", diz-me um dos seus antigos executivos. Apesar de a moda ser a profissão mais fácil do mundo para um homem gay trabalhar, mesmo assim Armani está preocupado que as vendas na Ásia possam baixar se ele deixar cair a máscara.
Quando um CEO chega aos 70, e mais ainda aos 80, o conselho de administração e o seu presidente costumam ter um plano elaborado para a sua sucessão. O plano de sucessão de Armani é mais flexível do que um dos seus fatos de verão. Na verdade, ele não tem nenhum e, como não tem filhos não tem nenhum herdeiro. Há alguns anos esteve perto de vender uma grande participação na sua empresa à LVMH, mas recuou porque, segundo diz, "teria perdido a minha personalidade. Deixaria de ser Armani". Mais tarde, retirou-se de um acordo com o então grupo Gucci. Desde aí tem-se recusado a considerar todas as outras ofertas e não seguiu o exemplo de outros patriarcas, nomeadamente Valentino Garavani, ao dar a bênção a um sucessor e deixá-lo gradualmente tomar as rédeas.
Ao entrar na sua quinta década no negócio e na nona de vida, ele sabe que está a entrar no seu capítulo final. "Ontem à noite chorei por causa disso", diz, com os olhos marejados. "Estava a pensar em determinados projetos que eu não posso fazer agora, porque há um limite de tempo. Como posso ser feliz quando sei que tudo isto, toda esta empresa, chegará ao fim?" Ultimamente tem tido de reduzir a escala das suas ambições. Há alguns anos, ele anunciou que iria abrir uma dezena de hotéis com a etiqueta Armani com a Emaar, uma das maiores empresas imobiliárias sediada no Dubai. Abriram apenas dois, um no Dubai e outro em Milão, e não há planos imediatos para mais nenhum. "A parceria com a Emaar para novos hotéis provavelmente vai parar", diz Armani.
Manter-se ocupado ajuda-o a esquecer a tristeza, diz. Assim, em vez de abrandar e reformar-se, ele está a atirar-se de novo para uma vida das 09.00 às 17.00 - ou das 07.00 às 21.00, no seu caso. Irá continuar para sempre, ele insiste, ou pelo menos durante tanto tempo quanto o para sempre durar. "Não quero ser ridículo. Não quero aparecer na passerelle agarrado a uma bengala. Mas quero continuar até deixar de entender o que está a acontecer." Quer dizer, trabalhar até cair? "Si."
Mas isso não vai acontecer tão cedo, acredita, apesar da doença recente. Ele está em tão boa forma como uma pessoa de 80 anos pode esperar estar. "A minha vida é um pouco como a de um monge. As minhas regras são muito rigorosas. Tenho cuidado com a alimentação. Faço exercício. Sinto-me forte. Acabei de ter umas boas férias", afirma, cerrando os punhos novamente. Isso quer dizer que estarei de volta, em frente à lareira, daqui a dez anos para o entrevistar aos 90 anos, no 50.º aniversário do seu negócio? Enquanto os troncos na lareira se transformam em brasas e o crepúsculo entra pelas janelas, o milanês que representa a marca de um homem só inclina-se para a frente e sussurra: "Até aos 95."
A PRIMEIRA PARTE DA REPORTAGEM
A moda é rápida e passageira. É essa a questão. Os estilistas têm sorte se conseguirem apresentar o seu trabalho na passarela durante dez anos. Aqueles que duram uma vida ou deixam um legado podem ser contados pelos dedos de uma mão - Coco Chanel, Yves Saint Laurent, Karl Lagerfeld e Giorgio Armani. Chanel e Saint Laurent já morreram. Lagerfeld é um mercenário na Chanel e na Fendi. Só Armani continua a criar várias coleções sob o seu próprio nome, cerca de 40 anos depois de ter começado. Ele é o estilista mais conhecido e mais rico da era moderna - e, desde a morte de Pavarotti, é provavelmente também o italiano vivo mais conhecido.
"Há uma grande luta entre mim e Berlusconi", diz ele. "Mas não suporto Berlusconi. Acho tudo o que ele faz muito vulgar. A maneira como ele fala. E as suas mulheres!" Isto é típico de Armani. A maioria das pessoas do mundo da moda é imensamente divertida na passarela, mas irremediavelmente aborrecida fora dela, aflita para não dizer uma palavra fora do sítio não vá isso desencadear um boicote dos consumidores. Armani é o oposto. As suas passagens são tão suaves, que ele é muitas vezes criticado por ser chato. "Il Signor Beige", desdenham os críticos. Mas, cara a cara, sentado perto da lareira no seu palazzo de Milão, ele é extremamente honesto. "Pergunte-me o que quiser", diz. "Eu tenho ideias definidas."
OK, signore, vamos começar pela sua excessiva mania do controlo e pelo seu mau temperamento. Muitas pessoas sabem que Armani gere minuciosamente a sua equipa de criação, recebe o crédito de tudo, exige ser chamado Sr. Armani e até se refere a si próprio como Sr. Armani. O que é menos conhecido é que por trás da sua calma estudada, do seu aspeto bronzeado e de quem está em férias permanentes, se esconde um temperamento vulcânico. É verdade, pergunto-lhe, que no pátio do seu estúdio de design ecoa frequentemente o seu insulto favorito: "Tenham tomates. Mostrem-me que têm um pouco de coragem"? "Sim, sim! Eu digo isso. É verdade", responde Armani com um sorriso. "A minha equipa tem medo de ser apanhada em falso, de ser apanhada a fazer qualquer coisa mal para o Sr. Armani, pois eu posso ser violento, sim!" Ele fecha as mãos como um pugilista prestes a dar um murro. "Não é só com os homens. Ele também diz às mulheres para mostrarem que têm tomates", acrescenta Anoushka Borghesi, a longilínea germano-italiana que é o seu braço direito, enquanto se senta no sofá em frente do seu exaltado patrão.
Violência e insultos abaixo da cintura. É um excelente começo. E há mais. Os estilistas tendem a não falar sobre a concorrência em público, mas Armani quer discutir Miuccia Prada, que é famosa pela "moda conceptual" - coleções que começam com uma ideia ou um tema, em vez de com o simples desejo de mostrar roupas interessantes adequadas à estação do ano. "A moda conceptual não nos faz ficar mais bonitos", diz ele, semicerrando os olhos de um azul gelo. "É destinada a um público que não gosta de moda. É uma moda para um nicho, muito elitista e snobe." Então, Prada é para snobes? Ele acena que sim com a cabeça.
E Gianni Versace, que criou o glamour de gastar extravagantemente na década de 1980, na mesma época em que Armani baixava o tom? Diz-se frequentemente que Armani criticava Versace em privado por "vestir vadias" enquanto ele próprio vestia senhoras. "Isso é verdade. Mas é ao contrário. Eu não o critiquei. Ele estava a falar comigo", afirma. "Estávamos em Roma e encontrámo-nos na Piazza di Spagna, para um evento de moda. Ele estava a olhar para os modelos... e disse-me: "Eu visto vadias. Você veste senhoras religiosas."" É uma frase divertida, mas que também revela uma verdade.
Depois de quatro décadas no topo - um recorde que ele comemorou em Milão, com a abertura dos Armani Silos, um novo museu com cerca de 4700 m2 dedicado ao seu trabalho - o estilista acha que não tem que provar mais nada e que não tem de responder perante mais ninguém além de si próprio. Ele está convencido de que é melhor do que qualquer outra pessoa do mundo da moda e não se importa que isso o faça parecer arrogante.
Peço-lhe para nomear um par ou uma estrela em ascensão que admire e faz-se um longo silêncio, quebrado apenas pelo crepitar dos troncos na lareira atrás dele. Finalmente decide-se por dois estilistas, ambos já falecidos, e que, portanto, não representam nenhum desafio direto. "Coco Chanel transformou o sistema da moda. Ela imaginou uma mulher mais prática. Uma mulher de vive realmente e não fica simplesmente sentada numa torre de marfim", diz. "Yves Saint Laurent adaptou a moda de homem para as mulheres. Esses dois não se limitaram a fazer roupas, eles fizeram a sociedade." Qual é a contribuição dele? "Eu uso a minha criatividade para ajudar as pessoas a viver o meu estilo - um estilo simples e elegante. O objetivo da moda é tornar a vida mais fácil e mais elegante. Caso contrário, do que se trata? É apenas um jogo. Não vale nada".
Quarenta anos depois de ter deixado o seu primeiro trabalho como vitrinista e, mais tarde, como comprador de moda masculina em La Rinascente, o maior armazém de Milão, para fundar a sua empresa com o seu então parceiro de vida, bem como de negócios, Sergio Galeotti, sente-se surpreendido por ainda estar a costurar (e a refilar) aos 80 anos? "De vez em quando tinha dúvidas de que chegasse tão longe", diz ele, torcendo os óculos de armação de arame como se fossem um kombolói. "Cada ano é uma constante tentativa e erro. Nunca se tem a certeza absoluta de que se vai ser bem-sucedido. Temos de enfrentar o desafio e continuar em frente."
Parece cansativo, especialmente para um homem que contraiu uma doença hepática rara aos 70, da qual levou anos a recuperar e que o deixou impossibilitado de comer carne ou peixe ou de desfrutar um belo copo de barolo. É exaustivo. Quando lhe pergunto qual o seu grau de felicidade numa escala de 1 a 10, ele responde: "Apenas três". Só três? "Sim, só três". Então porque não desiste e goza as suas nove casas ao redor do mundo e o seu super iate ultra moderno? Mesmo que viva mais 20 anos e chegue aos 100, não consegue provavelmente gastar a sua fortuna de oito mil milhões.
Ele tem trabalhado tanto, desde há tanto tempo, que não sabe realmente como fazer outra coisa, admite. "A minha vida está realmente ligada ao meu trabalho. Os meus amigos estão ligados ao meu trabalho. Não tenho grande vida fora do trabalho." Não fica triste por isso; Ele gosta. Usa mesmo a moda como terapia. "Quando tenho uma crise, compro sapatos." Mesmo com os preços que cobra, fica mais barato do que a terapia. A verdade é que, ser o patrão é mais importante para ele do que qualquer outra coisa. "A minha empresa é o meu império. Ninguém pode tomar o meu lugar."
Soa a narcisismo, mas tem razão
Nos últimos 20 anos, a maioria dos seus concorrentes venderam-se aos dois conglomerados franceses de produtos de luxo: à LVMH, que possui a Fendi, a Pucci e a Bulgari; e à Kering, que controla a Gucci, a Bottega Veneta e a Brioni. No entanto, ele mantém-se sozinho - o fundador, diretor executivo, estilista e único acionista de uma marca que os analistas dizem valer mais de 3 mil milhões. As 2.500 lojas e outros pontos de venda em 60 países que a sua empresa possui geram vendas superiores a 2 mil milhões por ano e 401 milhões de lucros antes dos impostos. Como é que ele fez isso? A única realização de Armani é a de retirar o medo da moda e democratizá-la. Na década de 1970, ele tornou-se no primeiro estilista a arrancar - literalmente - o enchimento da alfaiataria, introduzindo roupas mais soltas, mas mesmo assim elegantes. Ele faz vestidos compridos e calças soltos e leves mas elegantes e casacos de fazenda em cores seguras, geralmente azul-marinho, "greige" (bege acinzentado), areia e cinza claro. O seu estilo "elegante mas não muito formal, moderno mas não demasiado" criou um guarda-roupa de trabalho para uma geração de mulheres. O responsável pelos fatos calça e casaco é ele. Também fez com que os homens se sentissem à vontade com a ideia de comprar e usar moda pela primeira vez - e não apenas David Beckham. Os advogados também vestem Armani.
Para pôr os seus produtos no mercado, Armani inventou a indumentária da passadeira vermelha como a conhecemos. No início dos anos oitenta, ele foi o primeiro estilista a arrancar para Los Angeles para a semana dos Óscares e a vestir atores como Robert de Niro, Samuel L. Jackson e Michelle Pfeiffer. Em breve, quase todas as celebridades queriam vestir Armani. Ele continuou a trabalhar nos seus contactos em Hollywood para entrar nos filmes propriamente ditos, criando guarda-roupas para American Gigolo, Os Intocáveis, Tudo Bons Rapazes, Pulp Fiction e O Lobo de Wall Street.
A decisão de Armani de se concentrar no estilo clássico e prático, em vez de imitar as últimas tendências, torna-o na mais rara das criaturas da selva de moda: o estilista antiestilista. Ele permanece o mesmo, enquanto outros ziguezagueiam. "Eu tento ser coerente, consistente e tão democrático quanto possível", afirma.
Esta atitude enfurece os puristas da moda porque isso prejudica o que consideram que deve ser a moda - artística e não comercial, sempre a mudar, difícil de definir ou explicar, elitista e exclusiva. Eles depreciam o seu estilo como sendo tão estereotipado, repetitivo e maçador que a sua etiqueta não passa de uma Gap para gente rica. Ele faz uma pausa quando lhe recordo a chacota e admite: "Chato? Algumas pessoas dizem que é e provavelmente com razão. Quando vejo algumas coleções, até eu reconheço isso. Mas a guerra dura não é com os críticos, é com os meus clientes. Eles querem esse Armani". E, por ele, está tudo bem. "Eu desenho para o público, não para a indústria da moda".