George Papandreou anuncia oficialmente demissão mas não sucessor
"Quero desejar todo o sucesso ao novo primeiro-ministro do novo governo. Vou apoiar este esforço com todas as minhas forças", disse Papandreou, numa declaração solene na televisão grega, mas onde não anunciou o sucessor, dizendo apenas que será uma escolha "institucional". "Hoje, as principais forças estão a unir-se, para garantir aos cidadãos gregos que, nos próximos meses, vamos fazer tudo o que for necessário não só para assegurar a posição do país no euro (...) mas também para fazer uso das suas grandes vantagens", acrescentou.
O primeiro-ministro cessante garantiu que existe finalmente consenso político no país. "Se não tivéssemos um consenso nacional com esta grande crise, quando o teríamos? (...) Antes não tínhamos consenso, agora temos", afirmou. O discurso de Papandreou segue-se a três dias de intensas negociações entre os socialistas do PASOK - partido no poder - e a oposição conservadora de Antonis Samaras, líder do partido Nova Democracia (ND). "Hoje, apesar das nossas diferenças sociais e políticas, vamos colocar de lado os conflitos estéreis. O governo de forças políticas que vai tomar conta do país ultrapassará os partidos e os preconceitos pessoais", disse Papandreou.
"Vamos dar juntos os passos necessários, em unidade nacional, para assegurar a implementação das decisões que oferecem segurança ao nosso país, em tempos particularmente difíceis", acrescentou. O novo executivo grego terá de aplicar do acordo feito com os parceiros da zona euro -- que perdoa dívida à Grécia, dá uma nova ajuda de resgate mas exige mais austeridade -- e tem de convencer o resto da Europa que a Grécia é estável o suficiente para se manter no euro e preparar as próximas eleições, que deverão ocorrer a 19 de fevereiro. Apesar de toda a especulação sobre quem será o seu sucessor, no discurso Papandreou não adiantou nomes.
"É claro que, para atingir estes esforços [de implementação do acordo europeu] teremos de chegar a um consenso quanto a uma pessoa que nos una e que seja apoiada por todos nós. Acredito que a escolha que fizemos está de acordo com as instituições e vai reforçar as instituições democráticas", disse apenas Papandreou. O jornal Financial Times (FT) adiantou que Philippos Petsalnikos, presidente do parlamento grego, antigo ministro da Justiça e antigo ministro da Administração Interna, deverá presidir ao novo governo. "Caso não haja nenhum naufrágio de último minuto, o que na Grécia é sempre possível, temos um primeiro-ministro de compromisso com um mandato restrito", disse ao FT uma fonte anónima, que o jornal diz ter conhecimento da composição do novo governo.