Gaia. Lavagem de roupa suja com desistência de António Oliveira

PSD de Vila Nova de Gaia ficou órfão de candidato à câmara. Parceiros do CDS-PP exigem "solução rápida"
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Está definitivamente instalado um clima de lavagem de roupa suja no PSD do Porto. O antigo jogador e treinador de futebol António Oliveira desistiu da candidatura pelo PSD à câmara de Gaia (uma autarquia PS), com uma carta aberta duríssima para os dirigentes locais e distritais do partido. Estes responderam no mesmo tom, para não dizer pior.

Agora os sociais-democratas reiniciaram o processo de escolha do candidato. Cancela Moura, presidente da concelhia do PSD em Vila Nova de Gaia, parece não excluir ser ele próprio o candidato. Mas diz que, para já, "é precipitado avançar agora com qualquer decisão". O CDS-PP, parceiro autárquico dos sociais-democratas, diz que é ao PSD que compete resolver o problema mas vai pondo alguma pressão: "É um problema do PSD que o CDS entende que deverá ser resolvido o mais rapidamente possível. Esperamos uma solução rápida", disse o presidente da distrital portuense dos centristas, Fernando Barbosa.

Oliveira renunciou com estrondo, fazendo divulgar uma carta aberta onde escreveu: "Hoje, com vergonha do que vi, com uma imensa dor de alma pelo que senti, tenho que dizer que: não quero, não posso e não aceito continuar a encabeçar esta candidatura. Isto não é uma desistência. Isto é uma questão de higiene." "Ao longo de três meses fui sujeito a pressões, intimidações e ameaças. Tentaram impor-me o pior da "mercearia partidária" e tentaram envolver-me nas mais inacreditáveis negociatas de lugares. Enfim, quiseram obrigar-me a empregar os beneficiários do rendimento mínimo da política", acrescentou.

A concelhia de Gaia reagiu no dia seguinte. "Durante três meses, António Oliveira reuniu uma única vez com os candidatos às juntas de freguesia, nunca apresentou uma ideia, quanto mais um projeto, nunca deu a cara e adiou por três vezes a apresentação pública. Infelizmente, nada aconteceu", referiu o líder daquela estrutura "laranja", em comunicado. Prosseguindo: "Face à insolência da narrativa, de que sentimos vergonha alheia, estamos dispostos, pela primeira e única vez, a exercer o contraditório e a fazer a defesa da honra daqueles que, até à data, em nome dos superiores interesses dos gaienses, se mantiveram em silêncio".

Ontem falou a distrital do Porto do partido. "Esta escolha acabou por ser um erro de casting. O PSD provou que está absolutamente aberto a envolver na política, em prol do bem comum, pessoas de fora do partido, pessoas da sociedade civil, pessoas que, não tendo uma militância partidária ativa, possam contribuir para o que as estruturas possam dar. Mas efetivamente concluímos com este percurso de três meses que foi um erro", disse o respetivo presidente, Alberto Machado, confessando também "algum alívio" com a desistência do antigo selecionador nacional de futebol.

"Foi noticiado por vários órgãos de comunicação social que as relações não estavam fáceis. Não estavam fáceis porque não conseguíamos que o candidato comparecesse nos diferentes momentos para os quais o chamámos. Temos isso documentado (...). Portanto, de certa forma há algum alívio de que possamos começar a trabalhar".

O PSD/Gaia, entretanto, voltou à carga, falando numa "absoluta falta de caráter" do agora ex-candidato do partido à câmara municipal. Por ora, António Oliveira ainda não replicou.

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