Gabriela Ruivo Trindade recebeu prémio na Feira do Livro
"Este livro nasceu da partilha num blog familiar, no qual a família partilhou muitas histórias", contou a autora de 43 anos, casada, dois filhos e que reside em Londres. No discurso, confessou que estava a ser "assaltada pelos mesmo sentimentos" de quando recebeu um prémio de banda desenhada aos "12 ou 13 anos": o pânico de falar em público, a timidez ("que aumenta com o passar do tempo") e a sensação de que não devia estar ali, como vencedora. Explicou que muitos familiares deviam estar naquele palco a seu lado. Mas deixou um recado sobre o apoio à literatura: "Estes prémios não chegam, é necessário uma política digna desse nome".
Manuel Alegre, presidente do júri, destacou o facto de ser a primeira mulher a ser premiada e de ser a segunda vez que venceu um desempregado (o primeiro foi João Ricardo Pedro, em 2011, com 'O Teu Rosto Será o Último'). O valor monetário do prémio LeYa é de 100 mil euros.
"Este prémio desencadeou uma revolução. Muitas pessoas começaram a escrever", destacou Manuel Alegre. "Nestes tempos conturbados escrever é e sempre será um ato de libertação", acrescentou.
Os elementos do júri destacaram um pormenor do livro de Gabriela Ruivo Trindade: "as fortes personalidades das personagens, principalmente femininas." O júri foi composto por, além de Manuel Alegre: os escritores Nuno Júdice, Pepetela e José Castello; o professor da Universidade de Coimbra José Carlos Seabra Pereira; o reitor do Instituto Superior Politécnico e Universitário de Maputo, Lourenço do Rosário; a professora da Universidade de São Paulo, Rita Chaves.
Esta foi a quinta vez que o prémio LeYa foi atribuído (a vencedora foi anunciada em outubro do ano passado e já decorre o concurso de 2014). Em 2008, o eleito foi o 'Rastro do Jaguar' escrito por Murilo Carvalho e no ano seguinte venceu o romance "O Olho de Hertzog", do escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho. Em 2011, foi distinguido o romance "O Teu Rosto Será o Último", estreia literária do português João Ricardo Pedro e, no ano passado, o escolhido foi o português Nuno Camarneiro, com o romance "Debaixo de Algum Céu".
Em 2010 o prémio LeYa não foi atribuído. Segundo a editora o júri "entendeu que as obras a concurso não correspondem à importância e ao prestígio do Prémio LeYa no âmbito das literaturas de língua portuguesa".