'Frozen II': a inesgotável magia da Disney

Está aí a sequela da animação<em> Frozen</em>, com as calorosas personagens do primeiro filme, uma nova aventura e um segredo do passado. Música, ternura e humor continuam a ser os ingredientes fortes dos estúdios do Rato Mickey.
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Com a época natalícia aí à porta, haverá programa mais sugestivo do que uma fantasia de gelo no grande ecrã? Os fãs da Disney, melhor do que ninguém, saberão a resposta. Curiosamente, quando o primeiro Frozen - O Reino do Gelo (2013) estreou, o impacto imediato não esteve nem perto do que viria a ser um gigantesco sucesso. Os 1276 milhões de dólares (cerca de 1150 milhões de euros) da receita mundial que atingiu resultaram antes de um passa-palavra que cresceu entre o público - este, entenda-se, não apenas movido por um filme-para-ver-em-família.

A essência de Frozen transcendia isso, recuperando a alma vibrante das melhores animações da Disney dos anos 1990, com os seus maravilhosos números musicais talhados para espectadores sem idade. No ouvido ficou, por exemplo, o tema Let It Go, que, tal como aconteceu com o filme, arrecadou um Óscar. E não era para menos. O êxito foi tal que deu origem a livros, jogos, um spin-off em curta-metragem (Frozen Fever), um espetáculo da Broadway, e o filme alcançou a marca dos 20 milhões de DVD e Blu-rays vendidos nos Estados Unidos.

Inspirado num conto de Hans Christian Andersen, A Rainha da Neve (que foi um projeto dos estúdios várias vezes adiado), esse primeiro filme fala-nos de duas irmãs inseparáveis, Anna e Elsa, descendentes da realeza, cujo forte vínculo de infância fica ameaçado quando os poderes mágicos de uma delas (Elsa) se revelam um perigo para a outra. Crescendo em compartimentos separados, elas nunca deixam de ansiar a mútua companhia e o contacto com o mundo exterior, mas quando os pais - o rei e a rainha de Arendelle - morrem, Elsa é obrigada a assegurar os destinos do reino. Chegado o dia da coroação, ela enfurece-se com uma atitude imatura da irmã e acaba por libertar, em grande escala, o seu secreto poder de transformar em gelo tudo aquilo em que toca, fugindo de seguida e deixando os habitantes do reino num eterno Inverno... Anna, atordoada com a descoberta, mas decidida a trazer Elsa de volta, não perde tempo em ir atrás dela. Atravessa a bela e rigorosa paisagem gelada, juntamente com Kristoff, um trabalhador das montanhas, acompanhado da sua rena Sven, e, pelo caminho, um dos protagonistas das brincadeiras de infância das irmãs ganha vida: é um boneco de neve, chama-se Olaf, e transforma qualquer momento numa ternura humorística.

Assinado pela mesma dupla de realizadores, Chris Buck e Jennifer Lee, e com o referido painel de personagens que acalentam o coração de qualquer um, Frozen II - O Reino do Gelo chega aos ecrãs munido de uma semelhante magia encantadora, sem precisar de tornar a história complicada (um problema que costuma afetar as sequelas...). Desta vez vamos descobrir as duas irmãs a viverem dias serenos no castelo que partilham com Kristoff, agora namorado de Anna, mais a rena Sven e o adorável Olaf. Porém, Elsa não está verdadeiramente tranquila. Os ventos fazem-lhe chegar uma misteriosa voz, que só ela pode ouvir, e por trás desse sussurro está um segredo escondido numa floresta encantada - lugar onde o pai de ambas teve uma experiência de infância que nunca conseguiu deslindar.

Ao acordar os espíritos dessa floresta, Elsa e os seus companheiros mergulham numa paisagem outonal - sempre pontuada pelo "inverno" da heroína - que contém novas personagens, entre nómadas, monstros de pedra e um pequeno lagarto que concorre com Olaf na fofura... Mas Elsa terá de ir ainda mais longe, e aí, tal como na grandiosa cena musical de Let It Be, o ecrã converte-se num estonteante espetáculo que leva aos píncaros a carga visual das produções Disney, corroborando uma já bem conhecida verve clássica.

Menos clássicas serão apenas uma ou duas ocasiões em que a protagonista, ao fazer uso dos seus poderes, se aproxima de certos tiques dos super-heróis que agora integram a praça do senhor Walt Disney. Ou seja, breves formas de Elsa manifestar a sua magia que, no filme anterior, se mantinham presas a uma certa mágoa invernosa, romanesca, e que aqui funcionam como uma piscadela de olho à moderna postura Marvel. Contudo, não é grave: acima desta ligeira tendência continua a estar a fabulosa arte dos estúdios que unem gerações pela beleza de histórias com cunho humanista, tão ricas de emoções quanto de humor. E neste último departamento é preciso sublinhar a comédia e coração grande do boneco de neve Olaf - aqui particularmente filosófico - e mesmo da dupla Kristoff/Sven, que garantem um número musical delirante e kitsch como nunca visto. No final de contas, os pozinhos mágicos encontram sempre o seu caminho por entre as virtuosas notas musicais (de Robert e Kristen Anderson-Lopez) e personagens que queremos levar connosco para casa.

Quem são as personagens principais:

Elsa

Elsa é a Rainha da Neve do conto de Hans Christian Andersen. Melancólica e prudente, ela é a herdeira do trono de Arendelle e tem o poder mágico de criar gelo conforme as suas emoções. Em criança, numa ousada brincadeira com a irmã, Anna, quase a leva à morte, e a partir daí terá de ser mantida em resguardo para não revelar a ninguém os seus poderes... até ao dia em que sobe ao trono. Na versão original, quem lhe dá voz é a cantora Idina Menzel.

Anna

Ruiva e espevitada, a irmã mais nova de Elsa é entusiasmo dos pés à cabeça. A coragem, determinação e queda para a aventura fazem dela uma das mais estimadas personagens femininas da Disney, sempre pronta a ir até às últimas consequências para resolver qualquer situação. Kristoff é o seu cavaleiro andante, mas ela não é dada a gestos românticos - só se forem num estilo desembaraçado. A voz é de Kristen Bell.

Olaf

Talvez a criatura mais amorosa de sempre. Este boneco de neve era uma criação recorrente nas brincadeiras de infância das irmãs, e ganhou vida própria quando Elsa converteu a paisagem à sua volta num eterno inverno. Ele é o permanente elemento cómico, dando às situações um toque de leveza misturado com uma imensa ternura. Tem uma veia sonhadora, inesgotável curiosidade e, neste segundo filme, reflete muito sobre a maturidade. Josh Gad dá-lhe voz.

Kristoff

Órfão criado por trolls, este desajeitado e bondoso iceman da montanha que se torna namorado de Anna é também um herói inesperado. Correu a salvá-la no desenlace do primeiro Frozen, e neste é o protagonista de várias e frustradas maneiras de a pedir em casamento... Está sempre acompanhado da sua rena de estimação, Sven, a quem lê os pensamentos em voz alta. Essa voz é de Jonathan Groff.

Bom ***

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