Frente Polisário ataca bases e postos de vigilância de Marrocos
Num comunicado enviado à agência Efe, a direção militar da Frente Polisário afirma que a ofensiva de sexta-feira se centrou nas bases militares número 23 (Mahbes), 04 (Hauza), 17 (Ausred) e 18, assim como nos postos de vigilância 71 e 172, no que considera uma declaração de guerra a Marrocos.
"Os nossos combatentes levaram a cabo os ataques entre as 16:00 e as 17:00 horas locais [15:00 e 16:00 em Lisboa], contra as referidas bases, usando fogo de artilharia", explica a nota enviada à agência espanhola.
Horas antes, unidades do exército marroquino tinham atravessado a linha de demarcação e atacado a faixa fronteiriça de Guerguerat, bloqueada desde o passado dia 21 de outubro por um grupo de ativistas saarauís provenientes dos campos de refugiados levantados desde 1975 na região argelina de Tinduf e das chamadas "zonas libertadas" circundantes.
De acordo com a autoridade militar de Rabat, o objetivo da ofensiva era unicamente construir uma barreira que assegurasse a passagem de mercadorias numa rota estratégica à beira do oceano Atlântico que ganhou importância comercial nos últimos anos.
A Frente Polisário, que se encontrava em "estado de alerta máximo" há vários dias, conseguiu afastar os manifestantes antes da ofensiva.
Nos últimos dias, o rei de Marrocos, Mohamed VI, trocou mensagens com a ONU, França, Estados Unidos, Mauritânia e outros países envolvidos a fim de alertá-los para a operação.
A França manifestou "publicamente" a sua preocupação com o bloqueio desta passagem e com as dificuldades que isso gera", através do ministro dos Assuntos Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, que esteve em Rabat na segunda-feira.
Também o secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou o que considerou ser um "fracasso" seu nos esforços feitos para criar um 'status quo' na disputa entre Marrocos e a República Árabe Saarauí Democrática (RASD) no Saara Ocidental.
A zona desmilitarizada onde está localizada Guerguerat é regida pelo chamado "Acordo Militar número 1", anexo ao acordo de cessar-fogo em vigor desde 1991 e assinado por Marrocos e o grupo Frente Polisário, que proíbe a entrada de militares, entre outras medidas.
No entanto, tanto Marrocos como a Frente Polisário são constantemente acusados de não cumprir o acordo com ações que violam o cessar-fogo.