Pelo segundo ano consecutivo, a Junta de Freguesia de Arroios, com o apoio da Câmara de Lisboa, organiza a sua festa do livro, evento que considera uma "celebração dos editores, livreiros e livros independentes que tantas vezes não encontram espaço nas grandes superfícies". A FLIFA23 realiza-se entre amanhã e domingo no Mercado de Arroios e contará com a presença de cerca de 80 editoras e livreiros, mais 30 do que na primeira edição.."Queremos valorizar a edição e os editores, com mais livros, somos mais livres, a FLIFA é organizada pela freguesia, mas pertence à cidade. Arroios vai ser cada vez mais um ponto de encontro da cultura, livre e independente, para atrair os mais diversos públicos para a freguesia", refere a presidente da Junta de Freguesia de Arroios, Madalena Natividade. "Agrada-nos poder organizar a FLIFA, por ter uma programação que é marcada pela originalidade, misturando também convidados mediáticos, muito apreciados pelo público, com temáticas inesperadas. Vai ser uma festa", acrescenta..Para Luís Francisco Sousa, responsável pelo pelouro da Cultura da Junta de Arroios, a FLIFA é uma "alternativa indie" a eventos maiores como a Feira do Livro. "A alternativa indie está em todo o lado, desde a escolha dos livreiros que estão presentes, a escolha dos livros que são vendidos, da programação que nós fazemos. É algo que marca muito o festival e a sua identidade", explica ao DN..No que diz respeito a editoras, este responsável começa que por lembrar que a ideia de organizar esta Festa do Livro Independente da Freguesia de Arroios surgiu pelo facto de o tecido cultural da freguesia ser muito composto por pequenos livreiros e editores independentes e que não conseguem um espaço em eventos maiores. "Nós fazemos sempre questão de convidar todos os livreiros independentes da freguesia e tentar garantir ao máximo que eles estejam presentes. Mas isto é uma festa do livro e dos livreiros independentes e, estando o tecido cultural da freguesia representado nela, estende-se também para o resto da cidade", refere o autarca, acrescentando que nesta edição estarão presentes cerca de 80, mais 30 do que no ano passado..Quanto à programação, serão três dias com conversas, workshops, lançamentos de livros, atividades infantojuvenis e muita música - por exemplo, amanhã, até às 22.00, haverá uma "rave literária" com os DJ André Santos e Márcio Matos para animar a compra de livros. "Logo no primeiro dia, às 18.30, vamos ter uma conversa que se chama "Entre o escatológico e o atrevido, a irreverência na literatura", a dar um toquezinho provocatório, que vai ser com o Pedro Mexia, o Hugo van der Ding e com o Rui Reininho, durante a qual eles falarão sobre o que é para eles a irreverência na literatura, se é uma palavra marota, se é uma forma de construção de histórias diferentes", destaca Luís Francisco Sousa.."Vamos ter também coisas direcionadas para o YA, os Young Adults, que é uma área que está cada vez mais em crescimento no consumo literário em Portugal e teremos ainda uma conversa sobre vozes esquecidas, que analisará o impacto dos escritores afrodescendentes que foram apagados um bocadinho das vozes mainstream da literatura", enumera o responsável pela área da Cultura em Arroios..O encerramento, marcado para as 18.00 de domingo, ficará a cargo de Jaime Nogueira Pinto e Pacheco Pereira, que conversarão sob o mote de "2023: Odisseia no Espaço". "Vai ser uma perspetiva muito diferente, eles vão falar sobre o impacto que a ficção científica e que a banda desenhada, por exemplo, tiveram numa geração que já vem mais de trás, uma geração dos anos 50, dos anos 60"..A edição deste ano da FLIFA terá um novo cenário, trocando o Quartel do Cabeço da Bola pelo Mercado de Arroios. "Esta é também uma ideia de que conseguimos dinamizar o tecido comercial e económico da freguesia através da cultura. Eu não acho que seja muito óbvio pensar em feira do livro ao lado do peixe e das hortaliças, mas isso é que é a irreverência da coisa!", defende Luís Francisco Sousa, explicando que mercado e festa do livro irão coincidir. "Por exemplo, no sábado o mercado está aberto normalmente até às 14.00, por isso até essa hora as duas coisas vão estar a acontecer em simultâneo. Em paralelo, nós desafiámos os comerciantes do mercado a permanecerem abertos e muitos deles aceitaram esse desafio"..ana.meireles@dn.pt