François Ozon entre feminino e masculino

UMA NOVA AMIGA François Ozon
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Nem sempre é referido como tal, tende mesmo a ser esquecido, mas François Ozon continua a ser um dos autores mais originais da actual produção francesa. Com Uma Nova Amiga, inspirado no conto The New Girlfriend, de Ruth Rendell (publicado em 1985), Ozon volta a percorrer os caminhos, ora obscuros, ora luminosos, do desejo sexual, prolongando alguns dos seus títulos iniciais, como Les Amants Criminels (1999) ou Gotas de Água sobre Pedras Escaldantes (2000), este inspirado numa peça de Rainer Werner Fassbinder. A fortíssima ligação afectiva de duas mulheres prolonga-se e, num certo sentido, renasce depois da morte de uma delas, como se a necessidade de preencher a sua ausência implicasse a reposição de uma ordem (puramente pulsional) em que os valores tradicionais do masculino e feminino são refeitos e reinventados. Com uma brilhante interpretação/transfiguração de Romain Duris, este é um exemplo de um cinema capaz de questionar o próprio olhar do espectador e as suas certezas sobre a lógica das paixões - ou a sua fuga a qualquer lógica.

CLASSIFICAÇÃO: ****

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