Francisco Bandeira diz-se calvo por causa do BPN
"É muito mais agradável falar da CGD do que do BPN. Costumo dizer que a CGD deu-me muitos cabelos brancos, mas o BPN tirou-mos mesmo. Estou calvo exatamente por isso", afirmou Francisco Bandeira, referindo que "não havia ninguém que quisesse estar perto do banco".
Na comissão parlamentar de inquérito à nacionalização e reprivatização do Banco Português de Negócios (BPN), o antigo vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), que estava à frente do BPN após a nacionalização do banco, repudiou "por completo" práticas de risco, após a nacionalização da instituição.
"Não tinha nenhuma ação na área de crédito do BPN, pela simples razão que não queria contaminar, porque coordenava o conselho de crédito da CGD", explicou.
Garantindo não ter tido "nenhuma ação direta no processo de decisão do crédito A, B ou C do BPN", Francisco Bandeira disse estar solidário com a administração, que, recordou, foi responsável pela criação "da direção de risco que não existia".
O antigo presidente do BPN sublinhou ainda que "nenhum prazo da responsabilidade do conselho de administração foi prorrogado ou não foi cumprido", admitindo que a privatização demorou "tempo a mais".
"Demorou tempo a mais na lógica de perda de valor, mas não sei se podia ter sido antes", declarou, realçando que "houve processos eleitorais pelo meio e défices que tinham que ser avaliados".
Francisco Bandeira referiu que acompanhou o processo de reprivatização até à entrega das propostas, considerando que "a proposta no BIC não cabia completamente na orientação para a privatização".
"As propostas eram muito díspares e o tempo era escasso", acrescentou.