O Presidente francês, Emmanuel Macron, fez "dobradinha" na primeira volta das eleições legislativas, constata hoje a imprensa francesa, sublinhando, no entanto, que a abstenção recorde impede que se fale em "Macron-mania".."Macron caminha para uma maioria esmagadora" (Le Figaro), "Macron faz dobradinha" (L'Opinion), "A OPA" (Libération). Os títulos dos diários nacionais são claros ao destacar a cor da futura "câmara azul Macron" (L'Humanité).."Quem acreditaria? Quem diria? Uma formação política que não existia há dois anos e passa rapidamente a ter uma insolente maioria na Assembleia Nacional, perturbando ao mesmo tempo uma paisagem política que há muito pensávamos ser imutável", comentou Paul-Henri du Limbert no jornal conservador Le Figaro..Com 32,32% votos e projeções que atribuem 400 a 455 deputados (num total de 577) ao República em Marcha!, partido do Presidente, "Macron pode agarrar todos os poderes", frisa Laurent Joffrin no jornal de esquerda Libération..É uma "vitória total da estratégia da renovação prometida" pelo chefe de Estado, aponta Laurent Bodin no jornal regional L'Alsace..Mas os comentadores destacam que a elevada abstenção, um recorde histórico, impede que se fale de uma adesão total do eleitorado ao projeto de Macron.."Nem os 24% da primeira volta das eleições presidenciais, nem os 50% da abstenção deste domingo devem dar a ilusão de uma França convertida à 'Macron-mania'", destaca Nicolas Beytout no L'Opinion..Os resultados definitivos dão conta de uma abstenção de 51,29%, o que para o jornal L'Humanité significa que "a abstenção saiu vencedora" nas eleições.."Para governar é melhor contar com uma adesão clara ao seu projeto e ter a oposição no parlamento, ao invés de na rua. De momento, não temos nem, uma nem outra", constata Michel Urvoy, no diário regional Ouest-France.