França pode deixar de financiar a homeopatia no serviço público

Os três grandes laboratórios de produtos homeopáticos têm dez dias para reagir à recomendação preliminar da Alta Autoridade da Saúde, sendo que só depois este organismo se irá pronunciar junto do ministério da Saúde.
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A Alta Autoridade da Saúde francesa (HAS, na sigla em francês), um organismo público independente, adotou uma recomendação preliminar que propõe ao Governo que deixe de financiar a homeopatia na serviço público de saúde. Em causa, conta o El País, estão cerca de 1.200 medicamentos homeopáticos, consumidos por cerca de sete milhões de franceses.

Atualmente, os medicamentos homeopáticos são reembolsados em 30% quando prescritos pelos médicos do serviço público, o que representa um custo anual de aproximadamente 120 milhões de euros.

Esta recomendação insere-se no processo de revisão iniciado pelas autoridades de saúde francesas, que têm vindo a ser pressionadas pela comunidade médica e científica a deixar de comparticipar a homeopatia.

Em agosto, recorda o jornal espanhol, a ministra da Saúde encarregou a HAS, cujas recomendações costumam ser tidas em conta, de elaborar um relatório sobre a eficácia destes produtos e se deviam continuar a ser comparticipados. E a decisão foi "desfavorável".

Na sequência da recomendação, um dos gigantes do setor, a Boiron, reagiu, alertando que o fim da comparticipação destes fármacos coloca em risco mais de mil postos de trabalho no país e decidiu suspender a sua cotação na bolsa, antevendo uma possível desvalorização das suas ações.

Agora, os três grandes laboratórios afetados - Boiron, Lehning e Weleda - têm 10 dias para apresentar argumentos que contrariem a recomendação. Depois disso, a HAS tem um prazo de 45 dias para concluir a sua recomendação e entregá-la ao ministério da Saúde, para que este tome uma decisão.

Entretanto, a Boiron acusou esta sexta-feira a HAS de quebra de sigilo, negando ter recebido uma comunicação oficial desta recomendação preliminar. Contactada pela agência AFP, a HAS adiantou que essa informação foi enviada ontem por correio eletrónico.

Vários países da Europa têm vindo a debater a homeopatia, não só devido à falta de eficácia, mas também porque há o risco de os doentes abandonarem as terapêuticas convencionais para seguirem esta medicina alternativa.

Em Espanha, por exemplo, foram denunciados vários casos de mortes de doentes que trocaram a quimioterapia pela homeopatia.

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