Fortaleza de Peniche com uma única instalação sanitária aberta aos visitantes

A Fortaleza de Peniche, onde se encontra patente a exposição "Por teu livre pensamento", possui uma única instalação sanitária aberta ao público para homens e mulheres, criando uma fila de acesso, constatou a agência Lusa no local.
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Além da fila de espera, o visitante tem de subir vários degraus até à casa de banho e esta é estreita, impedindo o acesso de pessoas com mobilidade reduzida.

Questionada pela Lusa, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) confirmou, adiantando que, para visitantes com mobilidade reduzida, existe uma outra instalação sanitária.

A DGPC esclareceu tratar-se de uma "situação provisória", já que, a par da exposição, decorrem obras para instalar o projeto do Museu Nacional da Resistência e da Liberdade.

Nesse âmbito, prevê-se a construção de "novas infraestruturas sanitárias, modernas e adequadas a pessoas com mobilidade reduzida".

Desde o dia 25 de abril, até 09 de junho, a exposição "Por teu livre pensamento", uma amostra do que vai ser o futuro Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, foi visitada por 22.171 pessoas.

Dos quatro núcleos, a sala do antigo refeitório da GNR procura retratar a história a partir da prisão de Peniche, com maquetes do projeto de arquitetura, que está a ser elaborado pelo arquiteto João Barros Matos e uma reprodução de uma pintura de Júlio Pomar, alusiva ao período da resistência.

Aí podem ser vistos, entre outros, objetos dos presos, fotografias, recortes de jornais, desenhos feitos na cadeia pelo ex-dirigente comunista Álvaro Cunhal, depoimentos de antigos presos, apontamentos dos presos sobre o trabalho político e de estudo dentro da prisão, transcrições de escutas de Mário Soares com a mulher, Maria Barroso, quando esteve preso no Tarrafal, e a listagem dos livros proibidos na cadeia.

No antigo Parlatório, espaço de visita aos presos, encontram-se conteúdos relativos à vida prisional, às condições em que decorriam as visitas aos presos e à solidariedade da população de Peniche para com os presos e respetivas famílias.

Destacam-se depoimentos de familiares, desenhos enviados aos filhos por António Dias Lourenço, que protagonizou uma das três fugas que ocorreram da cadeia de Peniche, e fotografias de alguns dos casamentos que aí ocorreram, como o de Domingos Abrantes.

Muitos dos desenhos de Dias Lourenço estão reunidos no livro "Saudades... Não Têm Conto! Cartas da Prisão para o meu Filho Tóino", publicado em 2004.

No Fortim Redondo, também conhecido por "segredo", onde os presos eram aí deixados durante dias para cumprirem castigos, foi criado um terceiro núcleo com painéis informativos, documentos da época e conteúdos audiovisuais sobre a história e protagonistas das oito fugas de Peniche.

A Capela de Santa Bárbara mostra o quarto núcleo da exposição, dedicado à história da Fortaleza de Peniche e a sua importância estratégica ao longos dos séculos, primeiro associada a funções militares de defesa, depois enquanto depósito de refugiados e como prisão política durante a ditadura.

O poema de David Mourão-Ferreira "Por teu livre pensamento", que dá título à mostra, constitui uma alusão direta à prisão do Forte de Peniche, foi musicado por Alain Oulman e cantado por Amália Rodrigues, sob o título "Abandono", popularmente conhecido como o "Fado de Peniche".

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