Os contratos de longa duração nas Forças Armadas foram criados há mais de dez meses, mas os ramos ainda estão a estudar quais as especialidades em que os militares podem ficar nas fileiras até ao máximo de 18 anos, soube o DN..Segundo o Plano de Ação para a Profissionalização da Carreira Militar, apresentado pelo ministro João Gomes Cravinho em meados de abril deste ano, os chefes militares deveriam ter entregado, até ao final do primeiro semestre, a lista de áreas onde deveria ser aplicado o chamado Regime de Contrato Especial (RCE)..Fonte oficial limitou-se a dizer ao DN que "o Ministério da Defesa Nacional e as Forças Armadas estão a trabalhar em conjunto para a identificação e adequação das especialidades e situações funcionais aos requisitos, naturalmente exigentes e excecionais do RCE"..Salvaguardar "o elevado investimento na formação" desses militares, promover "o alinhamento [dessa formação] com o Sistema Nacional de Qualificações e a sua transferibilidade para o mercado de trabalho" são três requisitos a ter em conta na definição dessas especialidades, adiantou o gabinete do ministro João Gomes Cravinho - que nesta segunda-feira apresentou o novo Portal do Recrutamento Militar na internet..Esta iniciativa teve em pano de fundo a questão da falta de efetivos nas Forças Armadas, um problema há muito identificado e comum à maioria dos outros países europeus e da NATO que, em Portugal, se situa entre os quatro mil e seis mil militares face aos limites legalmente definidos de 30 mil a 32 mil..Medida que "deve ser potenciada".Após uma entrevista, ao Público e à Rádio Renascença, em que o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas declarou que essa falta de efetivos já "é insustentável", o ministro João Gomes Cravinho publicou um artigo de opinião naquele jornal em que, entre medidas já aprovadas ou em vias de o ser, lembrou precisamente o RCE existente desde outubro passado - "uma medida que a Força Aérea, a Marinha e o Exército têm à sua disposição e que deve ser potenciada"..Fonte oficial do Exército disse ao DN que o ramo, "na sequência dos estudos que vem desenvolvendo nesta área, está a integrar um grupo de trabalho, juntamente com os outros ramos das Forças Armadas, que visa elencar as situações funcionais (associadas aos cargos) em que o RCE terá aplicabilidade"..O Exército precisou ainda que "a prestação de serviço em RCE terá cabimento em situações funcionais cujo grau de formação e treino, habilitações académicas especificas e ou particulares exigências técnicas tornam conveniente uma prestação de serviço em duração prolongada"..Note-se que o RCE já permite contratos até aos 18 anos para três funções específicas: pilotos de aeronaves, médicos e capelães. Mas a dificuldade de reter os militares em regime de contrato, mais do que a de atrair candidatos, justificou essa necessidade de alargar as especialidades abrangidas que acabou por ser legalmente consagrada em outubro passado..Mulheres devem ser 15% dos efetivos.As Forças Armadas "não devem ter menos que 15%, no mínimo", de mulheres nas fileiras para poder responder aos pedidos de maior presença feminina nas missões externas feitos pela ONU, disse na segunda-feira o ministro da Defesa.."Temos um número insuficiente" de mulheres "para fazer face ao valor acrescentado" que dão aos contingentes militares no exterior e aos resultados dessas missões, sublinhou João Gomes Cravinho, falando aos jornalistas no final da cerimónia de lançamento dos dois novos portais do setor na internet: um para divulgar a Defesa Nacional, o outro para informar os jovens sobre o processo de recrutamento (desde as profissões militares aos incentivos e oportunidades de carreira) nos regimes de voluntariado e contrato..Com menos de 12% de mulheres das fileiras e diferenças entre os três ramos, Gomes Cravinho reconheceu a necessidade de haver "medidas diferentes" para "responder às lacunas" específicas da Marinha, do Exército e da Força Aérea - a fim de aumentar, em mais de 3%, o efetivo atual de quase três mil militares femininos..Para isso contribuirão os portais agora lançados, permitindo que a Defesa se dê a conhecer com mais transparência e maior rigor, visando reduzir "as discrepâncias" registadas entre o grau de informação que os jovens têm sobre a vida militar e a realidade profissional que depois encontram - as quais justificam muitas das saídas precoces das fileiras, destacou o ministro da tutela..De qualquer forma, como sublinharam o ministro e o diretor-geral de Recrutamento, Alberto Coelho, o portal do recrutamento não se destina a substituir a informação disponibilizada pelos três ramos mas a concentrá-la e torná-la mais acessível.."Temos de trabalhar bem para evitar discrepâncias entre o que se imagina e o que se vai encontrar" nas fileiras, insistiu Gomes Cravinho, dizendo que o problema dos efetivos nas Forças Armadas centra-se menos na capacidade de recrutar e mais na dificuldade de reter os militares durante os seis anos de contrato ou, nos quadros permanentes, ao longo da carreira.