"Foi péssimo estar na Carregueira. Mas foi enriquecedor"

Carlos Cruz diz que os três anos e três meses que passou na prisão se passaram num dia
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Na primeira entrevista após ter saído da prisão, Carlos Cruz conta ao Jornal de Notícias que se tornou "uma pessoa muito antistresse na Carregueira". "Passei três anos e três meses fechado num espaço físico que para mim sempre foi de liberdade", diz o antigo apresentador de televisão condenado a seis anos de cadeia por abuso sexual de menores.

Carlos Cruz admite que "foi péssimo estar na Carregueira", mas que, ao mesmo tempo, "foi enriquecedor". "Não só pela oportunidade de me autoconhecer melhor, de decidir ser que sou atualmente, de ser capaz de criticar o sistema, de poder ser útil à mudança do sistema, de poder opiniar sobre o sistema. Acho que sim. Foram três anos que se passaram num dia", comenta nesta entrevista, em que revela que vai publicar, dentro de um ano, um estudo comparativo sobre sistemas prisionais europeus.

"Não há reabilitação em Portugal", defende. "A prisão é entendida como mera privação da liberdade", acrescenta, admitindo que antes do processo Casa Pia a justiça era "algo de inatacável". "Os tribunais eram templos de justiça. Não me passava pela cabeça que alguém fosse condenado sem provas", diz.

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Carlos Cruz saiu da prisão em liberdade condicional a 7 de julho por decisão do Tribunal da Relação de Lisboa. Desde então tem estado com amigos e a tratar da saúde, com idas ao dentista, ao oftalmologista e ao otorrino - "estou a perder a audição de um ouvido". "Chego a casa cansado", conta Carlos Cruz, admitindo que no dia em que saiu em liberdade condicional ficou 24 horas sem dormir.

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O antigo apresentador admite a possibilidade de voltar à televisão, mas garante que, a fazê-lo, será "com qualidade, dignidade e responsabilidade".

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