Firmino e bola parada atiram Benfica para fora da Champions
Contra factos não há argumentos e os factos dizem que o Liverpool foi melhor no conjunto das duas mãos (6-4) e por isso segue para as meias finais da Liga dos Campeões. Esta quarta-feira, em Anfield Road o Benfica arrancou um honroso empate (3-3), num jogo onde voltou a mostrar as suas fragilidades defensivas e os problemas com as bolas paradas.
Os encarnados disseram assim adeus às competições europeias, com o melhor desempenho dos últimos seis anos. Tal como em 1995, 2006, 2012 e 2016 ficaram-se pelos quartos de final. As atenções viram-se agora para o campeonato e o dérbi com o Sporting (domingo), na esperança de conseguir voltar à Champions no próximo ano.
A noite exigia um Benfica de iniciativa, de intensidade máxima e capaz de marcar um golo nos primeiros minutos de forma a meter pressão num Liverpool com uma confortável vantagem de dois golos conseguida no Estádio da Luz (3-1). Por isso esperava-se um Benfica a jogar em 4x3x3 - apesar da ausência de Rafa - em vez do 4x4x2 que Nélson Veríssimo escolheu para entrar em campo. Já Jurgen Klopp descansou mais de meia equipa, depois do exigente jogo com o Manchester City de domingo e isso notou-se no nível da intensidade de jogo dos reds. O que, do ponto de vista dos ingleses, nem era mau. Interessava-lhes o jogo lento e cerebral.
Aos 21 minutos, a concentração defensiva tirou férias e o Benfica sofreu um golo idêntico ao que tinha sofrido na Luz. Kostas Tsimikas marcou um canto e Ibrahima Konaté saltou à vontade nas costas de Nicolás Otamendi e Jan Vertonghen para fazer golo. Feito o 1-0 a missão quase impossível das águias passava a ser uma missão impossível. Era preciso marcar pelo menos três golos para igualar a eliminatória e a reação foi imediata. Darwin marcou logo depois, mas o lance foi anulado por fora de jogo. E seria Gonçalo Ramos a fazer o empate. O jovem avançado, num movimento que já costuma ser habitual nele, deu apoio na fase de construção e foi mais à frente para finalizar, aproveitando uma bola que ressaltou em James Milner para bater Alisson Becker de longe.
A estratégia do Benfica de aguentar a pressão red e sair rápido e em transição deu para chegar ao golo, mas ir para o intervalo com cinco ataques (e dois remates à baliza) contra os 23 ataques (e seis remates) do Liverpool é revelador do domínio inglês.
Ao intervalo o treinador do Benfica fez o esperado. Meteu Yaremchuck (no lugar de Diogo Gonçalves), mas sem construção era difícil a bola chegar à área dos reds e do outro lado não faltavam construtores de oportunidades nem oportunistas. Firmino fez o 2-1 num lance que começou num erro (mais um) do capitão Otamendi. O mais experiente e com mais jogos de liga milionária teve um jogo para esquecer e viu o brasileiro fazer o 3-1 pouco depois.
De novo em vantagem no jogo e com a eliminatória mais do que ganha, o que fez Klopp? Meteu Salah, Fabinho, Thiago Alcântara e Mané, mas as ligações e a capacidade de passe foram comprometidas e o Benfica aproveitou para empatar o jogo. Primeiro por Yaremchuck após desmarcação fenomenal de Grimaldo e depois por Darwin. O lance ainda precisou de ser validado pelo VAR, mas o golo contou mesmo e os encarnados chegavam assim ao empate no jogo para gáudio dos 4 mil adeptos benfiquista presentes no estádio.
Antes do apito final Darwin ainda obrigou Alisson a uma defesa espetacular e voltou a meter a bola na baliza, mas o lance voltou a ser invalidado por fora de jogo. O uruguaio teve dois golos anulados num jogo onde voltou a mostrar que os elogios de Klopp podem ajudar o Benfica a fazer um encaixe milionário com a venda do passe do avançado no próximo verão. "A minha cabeça está no Benfica até ao final da temporada, disse Darwin no final do jogo.
Com mais ou menos dificuldade o Liverpool fez valer os seus trunfos e apurou-se para as meias finais da Liga dos Campeões. Vai jogar com o Villarrreal que eliminou o poderoso Bayern Munique. A outra meia final é entre o Real Madrid e o Manchester City de João Cancelo, Bernardo Silva e Rúben Dias, que empatou em Madrid (0-0, depois de ter ganho 1-0 em Manchester) e eliminou o Atlético de João Félix.
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