O órgão máximo legislativo da China disse hoje que as emendas à constituição chinesa, propostas pelo Partido Comunista (PCC) e que incluem a remoção do limite de mandatos para o cargo de Presidente, obtiveram amplo consenso..Um relatório apresentado por Wang Chen, vice-presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP), cuja sessão anual decorre esta semana em Pequim, revela que um processo de consulta sobre as emendas à constituição foi iniciado pelo Presidente chinês, Xi Jinping, durante uma reunião do Politburo do PCC, em 29 de setembro..Um grupo de trabalho liderado pelo presidente da ANP, Zhang Dejiang, e assistido por membros leais a Xi, foi então formado para liderar o processo..Segundo Wang Chen, vice-presidente da ANP, o grupo recolheu mais de 2.600 opiniões, desde quadros regionais a outras personalidades fora do partido..O relatório aponta que a proposta de emenda constitucional foi depois aprovada, no final de janeiro, durante um encontro do Comité Permanente da ANP..A última emenda à constituição chinesa, que acrescentou a teoria de Jiang Zemin, fora feita em 2004, já depois de este ter deixado o poder..Essa emenda ocorreu após um ano de consultas, mas desta vez foram precisos apenas cinco meses, apesar de aquilo que está em questão ter um significado muito maior..A atual emenda permitirá a Xi Jinping, um dos mais fortes líderes na história da República Popular, ficar no cargo depois de 2023, quando termina o seu segundo mandato..O PCC elimina assim uma regra que distinguia o regime chinês de outros estados autoritários e analistas consideram tratar-se do regresso da China a uma ditadura pessoal..Wang Chen garantiu que todas as pessoas envolvidas no processo "mostraram apoio unânime"..Um académico citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, e que pediu para não ser identificado, disse que o relatório de Wang é uma resposta oficial de Pequim aos rumores de que a emenda constitucional terá encontrado oposição dentro do partido.."A decisão é altamente controversa, e nas últimas semanas ouviram-se críticas e reações negativas sem precedentes de intelectuais, empresários e observadores de todo o mundo", afirmou..O voto dos cerca de 3.000 delegados à proposta, que inclui ainda a inclusão da Teoria de Xi na constituição do partido, decorre no domingo e será fechada à imprensa.