"Festa da benção dos animais contribui para a causa animal", diz padre
A paróquia dos Prazeres, do Arciprestado da Calheta, na Madeira, realiza no domingo a 16.ª edição da bênção dos animais no âmbito da festa de Santo Antão, iniciativa que atrai à freguesia muitas pessoas e seus companheiros de estimação.
"A festa de Santo Antão sempre existiu na Igreja, mas a festa com a bênção dos animais realiza-se desde o segundo ano da criação da Quinta Pedagógica que ocorreu em outubro de 2000", explica à agência Lusa o padre Rui Sousa.
No domingo, a festividade começa às 10:00 com uma missa na Igreja Paroquial de Nossa Senhora das Neves, nos Prazeres, em invocação a Santo Antão, seguindo-se-lhe, ao início da tarde, a bênção dos animais no adro do templo e procissão até à Quinta Pedagógica.
"É uma cerimónia muito simples mas que atrai sobretudo gente de fora, do Funchal e das paróquias vizinhas, pessoas mais sensíveis à causa animal", diz o padre.
Rui Sousa é também o mentor e dinamizador da Quinta Pedagógica que se desenvolve nos terrenos adjacentes à Igreja de Nossa Senhora das Neves e que inclui um espaço agrícola, um jardim de ervas aromatizadas, uma casa de chá e uma espécie de jardim zoológico à escala da freguesia.
O sacerdote explica que, apesar de São Francisco de Assis ser o padroeiro dos animais, o povo nas zonas rurais invoca mais Santo Antão - o eremita que viveu em Tebaida, no Alto Egito, 251 e 356 dC - por ter sido considerado um exímio pastor.
"Nas zonas dos campos - especifica - a ideia é mais pedir proteção ao santo Antão para que o ano agrícola seja próspero e que os animais, usados na agricultura e para a alimentação, possam ser saudáveis, tendo, assim, surgido, ao longo dos tempos, a invocação".
O padre Rui Sousa recorda que, quando a festa da bênção dos animais começou, eram levados "sobretudo animais de grande porte" como "vacas, ovelhas, porcos e outros" mas, com o envelhecimento da população e o abandono da criação de animais, "o que se vê mais, agora, são os animais de companhia, portanto, o cão, o gato, pássaros".
Ao longo dos 16 anos da festa, Rui Sousa não hesita em dizer que a mesma tem ajudado a uma maior consciencialização para com os animais.
"A bênção é meia hora - observa - mas aproveito a oportunidade para chamar a atenção sobre a questão do abandono dos animais e para fazer ver que os animais também são criaturas de Deus e, portanto, merecem o nosso respeito e têm de ser respeitados como tal".
O padre diz mesmo que "isso [respeito] nota-se", exemplificando com o cuidado que as pessoas demonstram, agora, ao levarem os seus animais ao veterinário sempre que precisam, o que não era muito comum naquela zona.
O responsável pelas paróquias do Estreito da Calheta e dos Prazeres diz não saber, ao certo, quantas pessoas participam na festa mas garante que "o adro fica composto".
"Não sei como este ano será mas geralmente aparece bicharada muito engraçada", conclui.