Ferroviários lamentam degradação do setor e dizem que medidas do Governo são "paliativas"
"As medidas anunciadas pelo Governo pecam por defeito. Tratam-se de medidas paliativas, que tardam em sair do papel e que já deviam ter sido tomadas há muito tempo", disse a representante da comissão de trabalhadores da CP, Catarina Cardoso.
As comissões de trabalhadores da CP, EMEF, IP -- Infraestruturas de Portugal e Medway foram hoje ouvidas pelos deputados na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas a pedido do PCP, depois de, no início de setembro, o Governo ter aprovado o plano da CP para a compra de 22 novos comboios regionais para a transportadora, no valor de 168,21 milhões de euros, considerando o ministro da tutela ser "um marco histórico".
A falta de material circulante, de manutenção, de investimento público e de planeamento estratégico foram algumas das queixas mais ouvidas pelos deputados.
Os responsáveis falaram ainda sobre as cativações, a reposição das medidas compensatórias e a falta de pessoal ao serviço que responda à procura e às necessidades dos consumidores.
Esta manhã cerca de 150 dirigentes sindicais e membros de associações de utentes manifestaram-se em Lisboa contra a degradação da oferta do transporte ferroviário, exigindo mais comboios a circular e investimento no setor.
"Material parado, comboio atrasado", "Não se pode viajar sem comboios a circular", "Com o Governo a cortar, a CP vai ao ar" e "Pôr o comboio na linha para servir a população" foram algumas das palavras de ordem do protesto, que começou cerca das 10:30 com uma concentração no Largo Camões, em Lisboa.
A manifestação foi organizada pela Plataforma para a Defesa do Serviço Público Ferroviário, que integra 13 organizações sindicais, entre as quais a FECTRANS -- Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações, quatro comissões de trabalhadores e oito organizações de utentes, do Oeste, Sintra, Cascais e Algarve por exemplo.
Uma delegação da Plataforma entregou cerca pouco depois das 12:00 uma declaração conjunta aos elementos da PSP que se encontram junto à entrada do antigo gabinete do primeiro-ministro. No documento, defendem um fórum ferroviário para debater as questões do setor, entre outras.
O setor ferroviário tem sido alvo de várias manifestações e greves nos últimos meses, a último das quais na segunda-feira, com a greve dos trabalhadores das bilheteiras e revisores da CP -- Comboios de Portugal, que fez com que se cumprissem pouco mais do que os serviços mínimos, fazendo-se apenas 387 das 1.352 ligações programadas, segundo a empresa.