Fernandinho Beira-Mar condenado a 309 anos

Brasil. Assassínio de rivais aumentou pena do maior traficante de droga. Número de homicídios no país, diz a ONU, é o maior em 35 anos
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Considerado responsável pelo assassínio de quatro rivais no tráfico de drogas do Rio de Janeiro, Fernandinho Beira-Mar, o maior criminoso vivo do Brasil, acrescentou mais 120 anos à pena de 189 que já cumpria numa prisão de segurança máxima na cidade de Porto Velho e soma agora 309 anos, a segunda maior condenação da história jurídica do país, após sentença no Tribunal de Justiça do Rio, na quinta-feira.

"Não é justo, cometi muitos crimes na vida, mas este não", disse Beira-Mar após a leitura da sentença. "O meu nome dá audiência, estou aqui pelo nome, sou como o Eike Batista [ex-magnata brasileiro que perdeu a fortuna]", acrescentou o traficante após manter uma discussão verbal com o juiz, o que lhe valeu duas repreensões.

Ao ultrapassar os 300 anos, Beira-Mar perde o benefício do regime semiaberto, isto é, de poder sair durante o dia durante os 30 anos que vai, de facto, cumprir, o máximo permitido no país. "Pode não ter sido ele a atirar sobre as vítimas, mas ele tem poder sobre o "se", o "como" e o "quando" acontecem os crimes", defendeu a equipa de procuradores na denúncia de 17 volumes e nove apensos.

Em causa, a tomada da penitenciária de segurança máxima Bangu 1, no Rio de Janeiro, em 2002, pelo Comando Vermelho, a organização criminosa que liderava. Na ocasião, ao tomar a prisão por 23 horas, o Comando Vermelho substituiu a bandeira do Brasil pela da organização, causou pânico em 20 bairros vizinhos e executou os quatro líderes do grupo rival, o ADA-Amigos dos Amigos, situação que inspirou a abertura do filme Tropa de Elite 2.

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