Fenprof diz que greve encerrou cerca de 95% das escolas

Mário Nogueira afirma que esta é "provavelmente" a greve que mais escolas fechou.
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A greve desta sexta-feira terá encerrado cerca de 95% das escolas e foi provavelmente a greve da Administração Pública que encerrou mais escolas, afirmou o dirigente da FENPROF, Mário Nogueira, num balanço a meio da manhã.

"Pelos menos 95% estão encerradas (..) e é provavelmente a greve que fechou mais escolas no nosso país", afirmou o dirigente sindical, numa declaração pública sobre os efeitos da paralisação, em Lisboa.

Mário Nogueira adiantou que a participação dos professores no protesto "é elevadíssima", e que só nos próximos dias serão divulgados dados mais precisos sobre a adesão ao protesto.

Também o coordenador da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, Sebastião Santana, no mesmo encontro, classificou como "um enorme sucesso" a greve da função pública, marcada pela estrutura sindical da CGTP, em protesto pelo que os sindicatos consideram um desinvestimento nos serviços públicos.

"Os trabalhadores da Administração Pública hoje, de norte a sul do país, desde a escola aos serviços de finanças e segurança social, prisões (..) há relatos que provam a adesão de muitos e muitos milhares de trabalhadores a esta greve", afirmou Sebastião Santana.

A secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, também no mesmo encontro de balanço da greve, reafirmou que o chumbo do Orçamento do Estado (OE) não impede a negociação de melhores condições para os trabalhadores, como combater a precariedade, e disse que o Governo "está em plenas funções" e "pode obviamente tomar um conjunto vastíssimo de decisões" e executar o OE para este ano.

"Esta adesão massiva dos trabalhadores da Administração Pública à greve que a Frente Comum convocou é bem demonstrativa que os trabalhadores não aceitam continuar a ser tratados desta forma, sem haver valorização do seu trabalho e carreiras há uma dezena de anos, o que é inaceitável", acrescentou a secretária-geral.

Isabel Camarinha disse ainda que a greve desta sexta-feira "é um grande sinal", para o Governo e para o patronato, e lembrou que em 20 de novembro "todos" os trabalhadores vão estar numa grande manifestação nacional em Lisboa, para pedir respostas aos problemas dos trabalhadores.

A greve da função pública, marcada para hoje pela Frente Comum, começou durante a noite nos hospitais e nos serviços de recolha de lixo, onde os turnos se iniciaram às 23:00 e às 22:00, respetivamente.

A maioria dos hospitais dos grandes centros urbanos estiveram apenas a assegurar os serviços mínimos no turno da noite, devido à greve da função pública, disse à Lusa o coordenador da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública.

"A esmagadora maioria dos serviços estiveram em serviços mínimos. O turno da manhã está a iniciar-se agora com os processos de rendição de trabalhadores e ainda vamos ter de avaliar. Ainda assim, durante a noite a greve foi bastante expressiva no setor da saúde, na recolha do lixo, nos centros educativos, nos centros de vigilância eletrónica", adiantou Sebastião Santana. A greve deverá levar ao encerramento de muitas escolas por todo o país.

Segundo o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL), a greve registava "forte adesão" ao início da noite de quinta-feira, sobretudo "nos setores de recolha de lixo e higiene urbana".

"Nos primeiros serviços de recolha noturna a entrar em funcionamento - Almada, Amadora, Évora, Loures, Odivelas, Palmela, Moita e Seixal - registou-se uma adesão de 100%, não tendo sido efetuada a recolha de lixo e serviços de higiene urbana noturna nestes concelhos", indicou o STAL, em comunicado.

"Lisboa, Sintra e Funchal, por seu lado, registaram uma adesão muito significativa, tendo a recolha sido fortemente afetada", acrescentou.

A adesão à greve decretada pela Associação Sindical de Chefias do Corpo da Guarda Prisional (ASCCGP) rondou os 80%, nos primeiros três turnos de serviço, indicou à agência Lusa o presidente daquela estrutura sindical, Hermínio Barradas.

Segundo o mesmo responsável, a adesão à greve atingiu os 100% nas cadeias regionais de Elvas e Guimarães, bem como no Estabelecimento Prisional (EP) anexo à Polícia Judiciária e no EP de Leiria para jovens reclusos.

"Estamos muito satisfeitos com o nível de adesão à greve", sublinhou Hermínio Barradas, esclarecendo que os 80% de adesão reportam-se ao turno entre a meia-noite e as 08:00 e entre as 08:00 e as 16:00.

Igual adesão à greve é esperada pelos sindicalistas para o turno que se inicia às 16:00 e termina às 24:00.

A Frente Comum (CGTP) reivindica aumentos de 90 euros para todos os trabalhadores e um salário mínimo de 850 euros na Administração Pública, mas o Governo vai fazer uma atualização salarial de 0,9%.

Na quarta-feira realizou-se uma nova ronda negocial com a equipa do Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública, mas o Governo não alterou a sua proposta, estando agendada nova reunião para a próxima semana.

A Federação dos Sindicatos da Administração Pública (UGT) também tinha marcado uma greve para sexta-feira contra a desvalorização dos salários e carreiras da Administração Pública, mas desmarcou-a na semana passada, face ao cenário de dissolução da Assembleia da República, por entender que "a mobilização dos trabalhadores deve ser aproveitada para um momento mais adequado", nomeadamente para a discussão do futuro Orçamento do Estado para 2022, caso não seja melhor do que aquele que foi chumbado.

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