Fenprof dá nove dias ao ministro para evitar a greve

Organização promove hoje jornada de "luta", com concentrações no Ministério e escolas e visita à Assembleia da República
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Se o ministro da Educação não apresentar propostas até ao dia 26, os professores deverão mesmo partir para uma greve nacional. Em dia de luta - com concentrações marcadas para hoje em frente ao Ministério da Educação e nas escolas, para além de uma visita à Assembleia da República - o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, assume que os docentes não vão adiar mais uma decisão sobre esta matéria. E dá o exemplo da paralisação dos médicos, quarta e quinta-feira da semana passada, para ilustrar a diferença que pode fazer um protesto mais...musculado na abertura negocial do Governo.

"O ministro da Saúde mostrou-se disponível para um compromisso para a legislatura. E é precisamente isso que os professores pretendem", disse ao DN. "Ficamos com a ideia de que só de disponibilizam para compromissos depois de haver greves. Que não seja esse o problema", acrescentou.

Mário Nogueira ressalvou que os sindicatos darão sempre prioridade a "soluções negociadas e entendimentos" mas admite que, por esta altura, as esperanças de que isso suceda já não são muitas.

Os professores têm em cima da mesa exigências relativas a quatro matérias: vinculação - onde se inclui a garantia de que serão abertos novos períodos extraordinários de entrada nos quadros de contratados e da criação do quadro de professores do Ensino Artístico -, descongelamento das carreiras, horários de trabalho e aposentações.

Na semana passada houve reuniões no Ministério, cujos temas centrais foram as permutas de professores e os currículos. Encontros em que os professores aproveitaram para voltarem a chamar a atenção para as suas reivindicações. Mas segundo Nogueira, apesar de genéricas manifestações de boa vontade, nada de concreto foi posto em cima da mesa.

"O ministério reconhece a justeza de todas essas reivindicações e não se compromete a resolver nenhum dos problemas que são colocados", critica. "Só compete aos professores fazerem a força toda, até porque é agora que [no governo] estão a discutir aspetos do Orçamento do Estado para mandarem para Bruxelas".

Petição discutida na AR

Esta tarde, com presença garantida dos sindicalistas nas bancadas, será discutida na Assembleia da República uma petição, "com mais de 20 mil assinaturas", onde são sintetizadas as exigências fundamentais dos professores. Nogueira recorda que a referida petição existe "desde setembro", lamentando que até agora não exista qualquer compromisso do Ministério. "Estivemos reunidos com o ministro, em Abril, e não se passou nada. Depois disso estivemos com os secretários de Estado e ...respostas zero", lamenta, avisando que "há um momento em que temos de dizer: não esperamos mais".

Em relação às concentrações de hoje, em frente ao Ministério da Educação e nas escolas, Nogueira esclareceu tratarem-se de ações abrangendo "dirigentes e delegados [sindicais],e não de manifestações, até porque é um dia de aulas. No entanto, tudo indica que os protestos com impacto no quotidiano das escolas estejam próximos o que, no caso dos professores, seria uma novidade na atual legislatura.

Já confirmada, para mais perto do final do mês, está a entrega de um pré-aviso de grave dos docentes do ensino artístico, que irá abranger as avaliações de junho do alunos desta área.

Contactado pelo DN, o Ministério da Educação não comentou o aviso da Fenprof , nem indicou se o ministro chamará os sindicatos até ao dia 26. No entanto, garantiu estar "sempre aberto ao diálogo com todas as estruturas sindicais".

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