"Que vergonha dar legitimidade a crimes contra a humanidade quando se trata de judeus! As declarações do secretário-geral da ONU são escandalosas!", afirmou o grupo de famílias dos cerca de 220 sequestrados num comunicado..Guterres afirmou esta terça-feira perante o Conselho de Segurança da ONU que os ataques do Hamas "não vêm do nada" e lembrou que os palestinianos foram "sujeitos a 56 anos de ocupação sufocante".."Crianças foram queimadas vivas, mulheres foram violadas e civis foram torturados e assassinados a sangue frio. Tudo com o objetivo de aniquilar todos os israelitas e judeus na área capturada pelo Hamas", observaram as famílias..Consideraram ainda que o secretário-geral da ONU "ignora vergonhosamente o facto de que em 07 de outubro foi perpetrado um genocídio contra o povo judeu e até encontrou uma forma indireta de justificar os horrores que os judeus sofreram"..As famílias argumentam que os especialistas jurídicos declararam que os "atos horríveis" do Hamas, que incluíram massacres, tortura e a tomada de reféns civis - incluindo idosos, mulheres, crianças e bebés - "constituem não apenas crimes de guerra, mas também crimes contra a humanidade"..Esse ataque brutal deu início à guerra entre Israel e as milícias em Gaza, que já fez mais de 1.400 vítimas em solo israelita - a maioria delas civis mortos nesse mesmo dia no maior massacre da história de Israel -, além de 222 sequestrados no enclave e cerca de 100 desaparecidos..Os intensos e indiscriminados bombardeamentos retaliatórios israelitas na Faixa de Gaza causaram cerca de 5.800 mortes - pelo menos 70% são mulheres, crianças e idosos - e mais de 16.300 feridos, a maior catástrofe humana também vivida no castigado enclave..Na polémica reunião de hoje do Conselho de Segurança, Guterres condenou inequivocamente os "atos de terror" e "sem precedentes" de 07 de outubro perpetrados pelo grupo islamita Hamas em Israel, salientando que "nada pode justificar o assassínio, o ataque e o rapto deliberados de civis"..Contudo, o secretário-geral da ONU admitiu ser "importante reconhecer" que os ataques do grupo islamita "não aconteceram do nada", frisando que o povo palestiniano "foi sujeito a 56 anos de ocupação sufocante".."Viram as suas terras serem continuamente devoradas por colonatos e assoladas pela violência; a sua economia foi sufocada; as suas pessoas foram deslocadas e as suas casas demolidas. As suas esperanças de uma solução política para a sua situação têm vindo a desaparecer", prosseguiu Guterres..O líder da ONU sublinhou, porém, que "as queixas do povo palestiniano não podem justificar os terríveis ataques do Hamas", frisando ainda que "esses ataques terríveis não podem justificar a punição coletiva do povo palestiniano"..Na sequência dessas palavras, o Governo israelita pediu a demissão do líder da ONU e cancelou uma reunião que o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Eli Cohen, hoje teria com Guterres.