Família Bin Laden doou um milhão de libras à fundação do príncipe Carlos
O príncipe Carlos, herdeiro da coroa britânica, aceitou uma doação para a sua fundação de um milhão de libras (1,21 milhões de euros) proveniente da família Bin Laden, segundo revela este domingo o Sunday Times.
Embora os membros da família saudita - que repudiaram os atos terroristas de Osama bin Laden - não sejam suspeitos de qualquer crime, esta revelação aumenta a atenção em torno da fundação do príncipe Carlos, que está sob uma investigação da polícia lançada em fevereiro passado.
Esta investigação visa estabelecer se as doações para a fundação do herdeiro da coroa britânica foram recompensadas com títulos honoríficos e se foram usadas para apoiar um pedido de naturalização de um empresário saudita, Mahfuz Marei Mubarak bin Mahfuz.
O acordo sobre a doação de um milhão de libras do patriarca da família saudita, Bakr bin Laden (meio-irmão de Osama), e do seu irmão Shafik data de 2013, durante uma reunião em Londres entre Bakr bin Laden e o príncipe Carlos, segundo o Sunday Times.
Ian Cheshire, presidente da fundação, diz que a doação foi aceite na época por todos os cinco curadores, embora vários dos assessores tenham aconselhado a que a fundação não aceitasse a doação da abastada família do mandante dos atentados de 11 de setembro de 2001, Osama bin Laden, segundo as fontes citadas no artigo do jornal britânico.
O caso, sobre o qual a Scotland Yard iniciou uma investigação, foi revelado no ano passado e pesa sobre o herdeiro do trono britânico de 73 anos. Suspeita-se que o seu antigo asessor Michael Fawcett, muito próximo de Carlos, tenha usado a sua influência para ajudar o empresário saudita Bin Mahfuz, "generoso" doador de instituições de caridade ligadas à monarquia britânica, a obter uma condecoração.
Mahfuz, que nega qualquer irregularidade, teria doado grandes somas de dinheiro para projetos de restauração. Michael Fawcett renunciou ao cargo na fundação do príncipe Carlos em novembro de 2021.
Uma investigação também foi lançada em novembro passado pelo regulador inglês de instituições de caridade para apurar se a fundação Mahfuz, do rico empresário saudita, recebeu doações destinadas à do príncipe Carlos.
"A investigação vai analisar se certas doações recebidas pela fundação Mahfuz foram destinadas à organização, se foram usadas de acordo com a intenção dos doadores e se devem ser devolvidas", explicou a comissão na época.
A fundação do príncipe Carlos, criada em 1986, não é regulada por esta comissão, mas depende do regulador escocês de instituições de caridade. Este último também abriu uma investigação, mas desta vez por doações de várias centenas de milhares de euros provenientes de um doador russo.
O Grupo Bin Laden, o maior império de construção da Arábia Saudita, fundado pelo pai de Osama bin Laden em 1931, enriqueceu durante décadas graças à sua proximidade com a família real saudita, mas está agora mergulhada em dívidas.