Falta de aderência entre rodas e carril originou acidente
Essa falta de aderência originou deslizamentos de ambos dos comboios e contribuiu para a não imobilização dos mesmos antes do sinal de entrada da Estação de Alfarelos, refere o documento hoje divulgado.
O embate de um comboio 'intercidades' na retaguarda de um 'regional', parado à entrada da estação de Alfarelos/Granja do Ulmeiro, na segunda-feira, pelas 21:15, provocou 15 feridos ligeiros, assistidos nos Hospitais da Universidade de Coimbra, além de oito outros, que receberam tratamento e/ou assistência psicológica de equipas do INEM, mobilizadas para o local do acidente. Já todos os feridos tiveram alta médica.
"De momento, pelos depoimentos obtidos e dados já apurados, não há indícios de falha humana", afirmam os responsáveis pela investigação.
A Comissão de Inquérito considera também que o comportamento do sistema de sinalização foi o adequado, "transmitindo aos comboios envolvidos no acidente o objetivo de paragem ao sinal de entrada da estação de Alfarelos".
"As informações recolhidas pelos comboios dos pontos de informação CONVEL (sistema de controlo automático de velocidade, partilhado entre os operadores e a REFER) correspondem à sequência de aspetos apresentada pelos sinais" e as "distâncias de frenagem de ambos os comboios foram superiores ao esperado nomeadamente face ao modelo teórico da curva de frenagem", acrescenta.
Nas conclusões preliminares do inquérito ordenado pelo Governo à REFER e à CP para apuramento das causas da colisão lê-se também que as atuações de frenagem de emergência espoletadas pelo sistema CONVEL ocorreram tardiamente.
"Como reforço das condições de segurança, e tendo em conta que se conclui ter havido falta de aderência roda/carril e atuação tardia das frenagens de emergência despoletadas pelo sistema CONVEL, cujas causas não foi possível nesta fase apurar", a Comissão de Inquérito recomenda a "imposição duma restrição de velocidade de 30 quilómetros/hora à aproximação dos sinais S1 e SC1 da Estação de Alfarelos".
"Pelos mesmos motivos, recomenda-se a realização de um ensaio de linha com um comboio constituído por uma locomotiva e composição idênticas às do comboio intercidades n.º 529, simulando condições de circulação semelhantes em termos de velocidade e locais de aplicação do freio", acrescenta.
Os responsáveis pela averiguação das causas do acidente sugerem que o ensaio deve ser realizado em condições atmosféricas próximas das verificadas aquando da ocorrência do acidente, ou seja, à noite, com carris molhados e previamente à abertura da via ascendente à exploração comercial.